Claudia Safatle – Valor Econômico
BRASÍLIA - Os desafios para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, aumentaram de janeiro para cá. A deterioração das contas públicas era muito pior do que ele imaginava, as condições para aprovação das medidas necessárias ao conserto da situação no Congresso estão mais adversas e o ambiente político está longe de permitir alguma discussão mais séria sobre o que fazer a partir de agora.
Não há clima para se discutir a redução das vinculações do gasto público. Há pouca disposição para votar o corte nas desonerações da folha de salários das empresas e, mesmo diante do retrato que as investigações da Lava-Jato expôs, não há quem se disponha a falar sobre o tamanho do Estado.
Levy tem insistido na necessidade de redução da dívida pública, cuja trajetória, afirma, inviabiliza a retomada do crescimento. O problema não é tanto o tamanho da dívida, mas a taxa de juros implícita na dívida líquida que é exorbitante. Era 19,3% em 2014, acumulada em 12 meses, subiu em maio para 24,8% e deve ter aumentado mais em junho. Para o governo federal e o Banco Central, a taxa chegou a impressionantes 33,9% em maio.
O juro implícito corresponde à média dos custos incidentes sobre os ativos e passivos do setor público. O salto mais recente se deve às operações de swap cambial, mas eles já eram altos antes.
A taxa Selic de 14,25% ao ano, decidida pelo Copom na quarta feira, deve permanecer nesse patamar por um período prolongado, elevando ainda mais os juros da dívida. Na última vez que o Copom falou em manter os juros por período prolongado, em 2012, a estabilidade durou por três reuniões. O mercado, porém, estima que a taxa atual vai vigorar até meados de 2016.
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