- Folha de S. Paulo
Na campanha, a presidente Dilma Rousseff dizia que as críticas à política econômica eram coisa de Pessimildo. Agora que os fatos deram razão a seus ex-adversários, ela tenta ressurgir como a Otimilda do Alvorada.
No longo discurso aos governadores, Dilma tentou indicar umaluz no fim do túnel que especialistas e eleitores não conseguem ver. A caminho do maior tombo do PIB desde a era Collor, repetiu a ladainha de que a economia brasileira é "bem mais sólida" do que "alguns anos atrás".
A presidente sugeriu que o fim da era de vacas magras está logo ali: basta dobrar a esquina. "Eu não nego as dificuldades, mas eu afirmo que nós todos aqui, e o governo federal em particular, tem [sic] condições de superar essas dificuldades de enfrentar os desafios e, num prazo bem mais curto do que alguns pensam, voltar a ter, assistir à retomada do crescimento da economia brasileira", prometeu, em dilmês castiço.
O otimismo presidencial não parece combinar com a realidade. Nesta quinta, ficamos sabendo que o governo acumulou um deficit fiscal inédito de R$ 1,6 bilhão no primeiro semestre. Pouco depois, divulgou-se um novo corte de R$ 1 bilhão na Educação. Alguém imagina crescer tirando verba de escolas e universidades?
Todo governante tenta vender esperança em tempos de crise. No caso de Dilma, a falta de carisma dificulta a tarefa. Sem empatia, ela evitava encarar os governadores enquanto falava. No fim, o descompasso entre o texto lido e a imagem da TV sugeria que ela não acreditava muito nas próprias palavras. "Não nos falta energia e determinação para vencer esses problemas", disse, em tom monocórdio e olhando para baixo.
Os métodos de Eduardo Cunha estão mudando o significado da sigla CPI. Antes, as três letras eram sinônimo de Comissão Parlamentar de Inquérito. Agora, estão mais para Conluio de Proteção ao Investigado.
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