É preciso ter mais debates públicos, não só pela internet, como o da Brazil Conference neste sábado, mas também pela imprensa escrita e televisiva
Quem
assistiu ao debate
organizado pela Brazil Conference com cinco potenciais candidatos à Presidência
da República – Ciro
Gomes, João Doria, Fernando Haddad, Luciano Huck e Eduardo Leite – teve
contato com diagnósticos precisos e bem elaborados sobre a realidade
brasileira. A despeito das diferenças políticas, e numa discussão que evitou a
polarização tóxica, prioridades comuns foram destacadas: melhorar a educação,
combater a desigualdade, criar um modelo de desenvolvimento sustentável,
modernizar a gestão pública, fortalecer a saúde pública, em suma, sintonizar o
País com os desafios do século 21.
O problema é que o Brasil está sendo governado por uma postura oposta. Vigora o negacionismo científico frente à pandemia, o descaso educacional, o desastre ambiental, a postura presidencial autoritária e a incompetência governamental. As luzes do debate de ontem se contrapõem ao pesadelo vivido pelo País hoje.
Mas
2022 pode repetir 2018, não se pode esquecer disso. Duas coisas podem evitar
isso. Primeiro, todos devem estar contra Bolsonaro e
aumentar sua pressão contra o presidente. O sofrimento diário dos brasileiros
na pandemia precisa de uma oposição mais forte do que a atual. E a grande lição
deste sábado: é preciso ter mais debates públicos, não só pela internet, mas
também pela imprensa escrita e televisiva. Isso não pode ocorrer somente no
período eleitoral de dois meses. Em boa medida, a falta de discussão política
da última eleição favoreceu a escolha que gerou o pesadelo. Melhores ideias
precisam vencer o populismo autoritário.
*Doutor em Ciência Política pela USP e professor de Gestão Pública da FGB-EAESP
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