Em
um trimestre de morte e mais vacina, recessão e CPI, política deve mudar
A CPI
da Covid vai durar três meses, pelo menos. Este segundo trimestre será
de recessão, afora milagres. Em três meses, acaba a rodada reduzida do auxílio
emergencial e ainda nem há auxílios de salário e emprego.
Também
em três meses, metade dos adultos deve estar vacinada; todas as pessoas dos
grupos de risco devem ter recebido
a primeira dose, afora desastres novos na produção de vacinas. Até lá,
julho, também pelo menos 40% da população deve ter sido infectada. Assim, deve
estar provisoriamente imunizada, caso a zona de desastre sanitário que é o
Brasil não venha a produzir novas variantes mortíferas do vírus. Mais de meio
milhão de brasileiros terão morrido de Covid.
Por
causa da CPI, pode bem ser que os crimes
de Jair Bolsonaro, do general Pesadello e de seus coronéis do Exército,
além de outras incompetências e colaboracionismos do Ministério da Saúde,
fiquem mais expostos, por semanas. Pode aparecer uma prova mortífera. Mas
haverá tanto mais incentivo para a CPI bater em Bolsonaro quanto maior for o
desprestígio presidencial, o que depende da reação popular e da (inexistente)
oposição à ruína bolsonariana.
Bolsonaro jamais
deixou de aparecer com 30% de “ótimo/bom” no Datafolha. Vai ser neste
tumulto outonal que sua popularidade vai descambar de modo crítico?
Será
um trimestre ruim na economia, o que nem sempre é motivo imediato de abalo do
prestígio presidencial. Em março, comércio e serviços afundaram. Abril terá
sido algo pior. Com a reabertura, maio pode ser melhor. O balanço final (PIB)
deve ser negativo, em um ambiente de auxílios reduzidos, embora o nível de
atividade acabe por ser bem melhor que o do segundo trimestre de 2020.
O
morticínio não bastou para comover aqueles 30% de bolsonaristas. No entanto,
pesquisas internas do governo, de acompanhamento da popularidade, indicam que a
barreira dos 30% caiu, um pouco.
Impopularidade,
CPI e crise
do Orçamento podem aumentar o número de parlamentares desgarrados, que
procurem alternativas em 2022, embora 2018 tenha mostrado que eleição se decide
ainda menos por apoio político-partidário.
Caso
Bolsonaro vete, em parte ou de todo, o dinheiro extra para emendas
parlamentares, terá um problema. Caso não o faça, terá de cortar a despesa de
funcionamento do governo no osso, terá de negociar o gasto continuamente e
ainda estará sujeito a rasteiras do Congresso, pois pode ser enquadrado em
crime fiscal. Esse tumulto não contribui para “as reformas” e indica que
o teto
de gastos está indo para o vinagre. Enfim, a depender da reação de
Bolsonaro, de suas ameaças golpistas, pode ser que o STF aumente a fervura dos
processos que por lá correm contra o bolsonarismo.
Caso
houvesse oposição, seria um trimestre para que se expusesse o desastre do
governo e uma alternativa. Isto é, que líderes políticos não apenas batessem de
modo organizado no governo mas que apresentassem programas, ideias, slogans, de
um país diferente.
O “centro” (a direita), porém, acha que vai aparecer com um garoto-propaganda, em cima da hora, um Bolsocollor atenuado, para levar a eleição. Hum.
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