- Folha de S. Paulo
Bolsonaro
não está em pessoa no banco da comissão. Simbolicamente, sim. Cada um de seus
cúmplices é ele
Há
quase um ano (20/5/2020),
publiquei neste espaço uma coluna que começava assim: “No dia ainda incerto,
mas infalível, em que Jair Bolsonaro se sentar no banco dos réus, veremos se
usará a tática a que se habituou no poder para se impor numa discussão
—silenciar seus interlocutores cortando-lhes a palavra e repetindo aos gritos
seus bordões, como ‘Chance zero!’, ‘Ponto final!’, ‘Caso encerrado!’, ‘Próxima
pergunta!’, ‘O recado está dado!’, ‘Cala a boca!’ e ‘E daí?’”. De lá para cá,
Bolsonaro acrescentou várias ejaculações ao seu vomitório, como “Página
virada!”, “Acabou, porra!” e o imortal “Enfia no cu!”.
No
dia 1º daquele mês de maio, o Brasil tinha 6.354 mortos. No dia 30, atingiu
28.834 —um crescimento de 353%. Alguém acreditaria que chegaríamos a números como
os 430
mil de hoje? Sim: os médicos e cientistas que —e está tudo gravado—
alertaram para isso o tempo todo.
Bolsonaro
não está em pessoa no banco dos réus. Mas, simbolicamente, sim. É representado
por cada um de seus cúmplices que se senta à mesa da CPI e que, querendo ou
não, fornece informações.
Marcelo Queiroga foi Bolsonaro. Fábio Wajngarten foi Bolsonaro. E, daqui a dias, Ernesto Araújo e Eduardo Pazuello serão, espetacularmente, Bolsonaro.
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