Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito diz que não aceita intimidação
Jussara Soares e Julia Lindner / O Globo
BRASÍLIA - Após o Ministério da
Defesa e os comandantes das Forças Armadas divulgarem nota para repudiar a fala
do presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), sobre o envolvimento
de integrantes das Forças Armadas em casos suspeitos de irregularidades no
Ministério na Saúde, o parlamentar reagiu dizendo que o ato é uma tentativa de
intimidação ao Senado.
O presidente da CPI argumentou que
"sua fala foi pontual, não foi generalizada". Para ele, a nota é
desproporcional e representa uma forma de intimidação.
— Pode fazer 50 notas contra mim, só não me
intimida. Porque, quando estão me intimidando, Vossa Excelência [Rodrigo
Pacheco] não falou isso, estão intimidando esta Casa. Vossa excelência não se
referiu à intimidação que foi feita — disse Aziz ao presidente da Casa, Rodrigo
Pacheco (DEM-MG), que manifestou respeito às Força Armadas.
Em nota, o Ministério da Defesa afirmou que
“as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que
defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro.”
O texto foi compartilhado pelo presidente
Jair Bolsonaro e é assinado pelo ministro Walter Braga Netto e os comandantes
do Exército, Marinha e Aeronáutica. Segundo o GLOBO apurou, a manifestação foi
discutida nesta tarde no Palácio do Planalto entre o presidente e ministros
militares.
“O Ministro de Estado da Defesa e os
Comandantes da Marinha e do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea
Brasileira repudiam veemente as declarações do Presidente da Comissão
Parlamentar de Inquérito, Senador Omar Aziz, no dia 07 de junho de 2021,
desrespeitando as Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção”, diz
trecho da nota.
Durante o depoimento do ex-diretor do
Departamento de Logística, Roberto Ferreira Dias, Omar Aziz disse que “os bons
das Forças Armadas devem estar envergonhados” pelo envolvimento de militares
nas suspeitas envolvendo processos do Ministério da Saúde:
— Os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do Governo.
Em sua fala, Dias atribuiu ao
ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco, a
responsabilidade da negociação das vacinas. Atual assessor da Casa Civil,
Franco era o número 2 do Saúde na gestão do general Eduardo Pazuello.
— Fazia muitos anos. Aliás, eu não tenho
nem notícia disso na época da exceção que houve no Brasil, porque o Figueiredo
morreu pobre, porque o Geisel morreu pobre, porque a gente conhecia... E eu
estava, naquele momento, do outro lado, contra eles. Uma coisa de que a gente
não os acusava era de corrupção, mas, agora, Força Aérea Brasileira, Coronel
Guerra, Coronel Élcio, General Pazuello e haja envolvimento de militares... —
disse Aziz.
“Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge
as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave,
infundada e, sobretudo, irresponsável”, diz o texto da Defesa.
“A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro
e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e
que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo
dos séculos. Por fim, as Forças Armadas do Brasil, ciosas de se constituírem
fator essencial da estabilidade do País, pautam-se pela fiel observância da Lei
e, acima de tudo, pelo equilíbrio, ponderação e comprometidas, desde o início
da pandemia Covid-19, em preservar e salvar vidas.
Leia a nota na íntegra:
O Ministro de Estado da Defesa e os Comandantes
da Marinha e do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira
repudiam veemente as declarações do Presidente da Comissão Parlamentar de
Inquérito, Senador Omar Aziz, no dia 07 de junho de 2021, desrespeitando as
Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção,
Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge
as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave,
infundada e, sobretudo, irresponsável.
A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro
e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e
que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo
dos séculos.
Por fim, as Forças Armadas do Brasil,
ciosas de se constituírem fator essencial da estabilidade do País, pautam-se
pela fiel observância da Lei e, acima de tudo, pelo equilíbrio, ponderação e
comprometidas, desde o início da pandemia Covid-19, em preservar e salvar
vidas.
As Forças Armadas não aceitarão qualquer
ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo
brasileiro.
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