Folha de S. Paulo
Ministro forma quinteto fiel com Weintraub,
Salles, Ernesto e Pazuello
Milton
Ribeiro caiu por excesso de obediência. Em seus últimos dias no cargo,
ele contou que seguia uma orientação de Jair Bolsonaro quando abriu o MEC para
os dois pastores que passaram a tocar negociatas na pasta. O ministro também
foi gravado dizendo que a
preferência dada à dupla de lobistas era um "pedido
especial" do presidente.
Não havia falta de sintonia entre chefe e subordinado. Eles andavam de mãos dadas no projeto de aparelhamento do Ministério da Educação e continuaram abraçados quando a crise dos pastores estourou. Bolsonaro chegou a afirmar que botaria "a cara toda no fogo" por Ribeiro, até que precisou queimar o ministro para tentar salvar a própria pele.
O presidente já se livrou de outros
auxiliares que pensavam como ele, agiam de acordo com seus interesses e seguiam
suas ordens. O caso de Ribeiro não é tão diferente das demissões de Abraham
Weintraub, Ernesto Araújo, Ricardo Salles e Eduardo Pazuello –representantes do
bolsonarismo em estado puro que se tornaram fontes de prejuízo político.
Weintraub provocou uma crise ao
sugerir a prisão dos ministros do STF. Foi demitido por um presidente que
desfila em comícios para atacar o tribunal. Já Ernesto
teve que deixar o Itamaraty para conter estragos na imagem do país,
mesmo sendo um mero operador da diplomacia caótica defendida até hoje pelo
chefe.
No Meio Ambiente, Ricardo
Salles foi sacrificado quando seu nome apareceu numa suspeita de
corrupção para favorecer a exploração ilegal de madeira (atividade que sempre
contou com a boa vontade de Bolsonaro). Pazuello, por sua vez, perdeu
o posto após obedecer a todas as ordens do presidente na gestão
mortífera da pandemia.
Assim como Ribeiro, nenhum desses ministros
caiu por falta de alinhamento com o projeto de Bolsonaro. O quinteto só se
tornou descartável quando o presidente percebeu que eles poderiam causar danos
políticos ao governo. Não é preciso ir muito longe para perceber qual é a fonte
original desse desgaste.
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