Folha de S. Paulo
Ele não fez nada que não seja costumeiro no
entorno da primeira-dama
Michelle Bolsonaro, a mulher do presidente
da República, disse que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro é honesto.
Para a primeira-dama, o ex-chefe do MEC ainda vai provar que é uma pessoa
"honesta,
justa, fiel e leal." Como formamos nossos juízos éticos?
Nós basicamente olhamos para os lados e vemos o que as pessoas a nosso redor costumam fazer. Não é uma coincidência que os vocábulos portugueses "ética" e "moral" derivem respectivamente das palavras grega ("éthes") e latina ("mores") para "costumes". Consideramos aceitáveis comportamentos que percebemos como praticados pela maioria de nossos pares. É isso o que faz com que a moral varie tanto geográfica e temporalmente. E não surpreende que seja assim, dado que a moralidade é a solução encontrada pela evolução natural para conciliar os impulsos egoístas dos indivíduos com a necessidade de reduzir conflitos dentro do grupo —o dilema de sermos ao mesmo tempo rivais e aliados.
O que isso significa na prática? Quando
Michelle Bolsonaro olha para o lado, o que ela vê? O marido, empregador da
celebérrima Wal do Açaí, mantinha apartamento funcional de que não necessitava
em Brasília "para comer gente". Talvez a exemplo do pai, os enteados
Flávio e Carlos são suspeitos de ganhar algum por fora valendo-se de esquemas
de "rachadinha", eufemismo para o crime de peculato envolvendo a
contratação de funcionários-fantasmas em gabinetes parlamentares.
Flávio, é o caso de lembrar, comprou há
pouco uma mansão para a qual aparentemente não tinha rendimentos declarados
suficientes. A própria primeira-dama teve cheques muito estranhos depositados
em sua conta corrente pelo notório Fabrício Queiroz. Os R$ 89 mil se tornaram
um "Leitmotiv" do folclore bolsonarista.
Nesse contexto, faz todo o sentido que
Michelle Bolsonaro considere Milton Ribeiro honesto. Ele não fez nada que não
seja costumeiro no entorno da primeira-dama.
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