Legenda do presidente, PL dobra seus deputados
Lauriberto Pompeu / O Estado de S. Paulo
A três dias do prazo final para trocas
partidárias, legendas que apoiam o presidente Jair Bolsonaro ganham adesões,
reforçando a base da campanha pela reeleição. O PL, partido do presidente, é a
sigla que mais cresceu com a permissão para mudanças. Integrante do Centrão, a
agremiação política elegeu 33 deputados em 2018 e hoje, após a chegada de
bolsonaristas, está com 66 parlamentares. Outras legendas governistas também
encorparam.com isso, a campanha do presidente larga com 171 deputados na
disputa.
A três dias do fim do prazo que autoriza as
trocas partidárias, legendas que estão alinhadas com o governo de Jair
Bolsonaro ganharam adesões, reforçando a base de apoio para a campanha do
presidente à reeleição. O PL, partido de Bolsonaro, é a sigla que mais cresce
com a chamada janela partidária na Câmara. Integrante do Centrão, a agremiação
elegeu 33 deputados em 2018. Após a chegada de bolsonaristas, sua bancada
dobrou: somava 66 deputados até ontem. A representação de outras legendas da
base governista também cresceu.
Como a legislação eleitoral obriga que candidatos ao Parlamento vinculem sua imagem durante a campanha ao presidenciável que seu partido apoia, Bolsonaro terá uma base de ao menos 171 deputados na disputa. O cenário de aparente recuperação do presidente, indicado nas pesquisas, reforçou a impressão no meio político de que estar aliado ao governo pode ser uma garantida de voto. A avaliação é de que um contingente grande de parlamentares que também deverão disputar a reeleição vai ampliar o leque de cabos eleitorais pedindo voto para Bolsonaro.
Somando PL, Progressistas, Republicanos,
PSC e PTB, são 171 deputados com Bolsonaro, o equivalente a 1/3 da Câmara. Já o
petista Luiz Inácio Lula da Silva, principal adversário e favorito nas
pesquisas, conta com PT, PSB, Solidariedade, PSOL, PCDOB e PV, que representam
113 deputados.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), estando no mesmo partido de Bolsonaro ou em alguma legenda de sua
coligação, como sinalizam o Progressistas e o Republicanos, os candidatos
precisam vincular suas campanhas à do presidente. Isso equivale a deixar
gravado em santinhos e outros materiais de campanha o nome de Bolsonaro.
De acordo com levantamento do Departamento
Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), com dados atualizados até
ontem, o Republicanos, sigla ligada à Igreja Universal, teve o segundo maior
crescimento em relação aos eleitos e passou de 30 para 41 deputados. O terceiro
maior aumento foi do Progressistas, que passou de 38 para 46 deputados.
Analista político do Diap, Antônio Augusto
de Queiroz afirmou que o crescimento da bancada do PL é algo inédito na
história da Câmara, e mostra que Bolsonaro arregimentou uma bancada de apoio
que, mesmo no pior cenário, deve levá-lo o segundo turno da disputa presidencial.
“É uma candidatura, sem dúvida nenhuma, competitiva.”
O intervalo em que os deputados podem
trocar de partido sem o risco de perder o mandato começou no dia 3 de março e
termina em 1.º de abril. Até o momento, 66 deputados trocaram de legenda pela
qual foram eleitos em 2018.
Uma bancada grande na Câmara é importante
porque pode impedir a abertura de processos de impeachment contra o presidente
e facilita a aprovação de propostas de interesse do governo.
A expectativa de crescimento dos partidos do
Centrão já era prevista por líderes, em fevereiro, como mostrou o Estadão. Com
o orçamento secreto e sob a presidência do deputado Arthur Lira
(Progressistas-al), o grupo conquistou um protagonismo inédito.
Das legendas com pré-candidatos a
presidente definidos, o PL foi a que mais cresceu. O PSDB registrou aumento de
dois deputados, mas vai sofrer uma debandada nos próximos dias. O Podemos, do
ex-ministro Sérgio Moro, recuou de 11 para 9 deputados. Diego Garcia (PR) foi
para o Republicanos e José Medeiros (MT), para o PL. Ambos são bolsonaristas e
críticos de Moro.
O PT passou dos 54 eleitos em 2018 para 53
hoje. No entanto, isso aconteceu porque o deputado Josias Gomes se licenciou do
mandato para ser secretário de Desenvolvimento Rural da Bahia. Até o fim da
janela, o PT deve filiar mais quatro deputados. São eles Flávio Nogueira
(PDT-PI), Gastão Vieira (PROS-MA) e Rubens Júnior (PCDOB-MA). No saldo final, o
partido deve ficar com 56 representantes porque Gomes vai voltar ao mandato e
Marília Arraes (PT-PE) vai entrar no Solidariedade. O PDT, de Ciro Gomes,
perdeu seis deputados em relação aos eleitos e está com 22 parlamentares.
O líder do PT, deputado Reginaldo Lopes
(MG), minimizou o crescimento do Centrão e disse que as siglas não vão manter o
tamanho após a eleição. “Isso só dura até o dia da eleição, 2 de outubro”,
afirmou. “Essa concentração é ruim para eles. Acho que eles não conseguem
eleger todos. A pulverização é mais acertada que a concentração.”
Prazo Parlamentares têm até a próxima
sexta-feira para trocar de partido sem risco de perder o mandato
A principal migração ocorreu do antigo PSL
para o PL. Deputados da tropa de choque bolsonarista, como Carla Zambelli (SP)
e Eduardo Bolsonaro (SP), decidiram não ficar no União Brasil e foram para o partido
ao qual o presidente da República se filiou em novembro do ano passado. O PL é
comandado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, que foi condenado no mensalão.
Em nenhuma eleição a sigla elegeu mais de 50 deputados.
Para a disputa deste ano, a legenda espera
manter uma bancada maior que 60 deputados e, para isso, aposta em “puxadores de
votos” – candidatos que podem ajudar a eleger outros correligionários graças ao
sistema de votação proporcional. Eduardo Bolsonaro, o ministro da Ciência,
Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, e o secretário nacional de Cultura,
Mário Frias, fazem parte desse grupo.
No Senado, cuja eleição é majoritária, ou seja, sem voto de legenda, os parlamentares podem mudar de partido a qualquer tempo. Junto com o MDB, o PL também foi quem ganhou mais senadores em relação ao número de 2018. A sigla saiu de uma bancada de dois para uma de sete. O MDB, maior partido da Casa, cresceu de 11 para 16.
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