Folha de S. Paulo
Bolsonaro não deixará que ela seja apenas
uma lembrança distante do último pleito
A facada de 2018 estará presente na eleição
de 2022. Jair Bolsonaro não deixará que ela seja apenas uma lembrança distante,
ainda que sombria, do último pleito. A superação faz parte da imagem que ele
cultiva do homem que se sacrifica pelo povo e combate a "volta do
comunismo" com a própria vida.
Nem 24 horas depois de mais um evento com cara, cores e discurso de lançamento de campanha, só permitida a partir do dia 16 de agosto pela legislação eleitoral, o presidente foi internado devido a "dificuldade de esvaziamento gástrico". Passou a noite no hospital, onde ganhou dieta líquida, recebeu alta na manhã seguinte e embarcou para o Mato Grosso.
Parecia perfeitamente saudável nos vídeos
divulgados em suas redes sociais. Mas a internação, mais declarações de apoiadores,
inclusive do filho Flávio Bolsonaro, sobre as "consequências da tentativa
de homicídio por um ex-militante do PSOL", fizeram o assunto voltar a ser
um dos mais comentados nas redes sociais, uma base importante para o
bolsonarismo.
Não há embasamento para afirmar que a
facada tenha sido decisiva para a eleição em 2018, como apontam adversários e
críticos, mas na prática Bolsonaro ganhou passe livre para fugir dos debates,
onde seria confrontado, e a simpatia de eleitores que passaram a vê-lo com olhos
solidários.
A Polícia Federal já concluiu dois
inquéritos que apontam que Adélio Bispo agiu sozinho, mas o clã Bolsonaro não
aceita o resultado das investigações e investe na narrativa de que foi um
complô da esquerda. Esta por sua vez tem parte da militância que alimenta a
fantasia de que a facada foi armação.
Bolsonaro tem obviamente a saúde
debilitada, mas não toma conta dela, caso contrário não teria se entupido de
camarão e baixado no hospital em janeiro. O entra e sai de hospitais causa forte
comoção em sua base. A facada já garantiu espaço como cabo eleitoral.
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