quinta-feira, 10 de julho de 2025

Itamaraty devolve carta de Trump à embaixada americana, classificando-a como 'ofensiva'

Andrea Jubé / Valor Econômico

O Ministério das Relações Exteriores devolveu a carta à representação americana, por considerar o documento ofensivo e com erros factuais, disse uma fonte diplomática a par do assunto

Depois da resposta institucional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à carta pública do presidente Donald Trump, o Ministério das Relações Exteriores convocou, pela segunda vez, o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no BrasilGabriel Escobar, desta vez, para explicar o comunicado que anunciou tarifa de 50% na relação comercial entre os dois países.

Nesse encontro, o Itamaraty devolveu a carta à representação americana, por considerar o documento ofensivo e com erros factuais, conforme relato de uma fonte diplomática a par do assunto ao Valor.

A reunião ocorreu na noite desta quarta-feira (9), novamente, entre Escobar e a secretária de Europa e América do Norteembaixadora Maria Luisa Escorel. Em primeiro lugar, o representante do governo americano foi instado a confirmar a autenticidade da carta de Trump a Lula, porque a comunicação não operou pelos canais diplomáticos tradicionais, e, sim, por uma plataforma digital.

Diante da confirmação da autenticidade do comunicado, segundo a mesma fonte diplomática, a embaixadora formalizou a devolução do documento, que classificou como “ofensivo”, por conter afirmações inverídicas sobre o Brasil, violar a soberania brasileira, e ainda implicar erros factuais sobre a relação comercial bilateral. Trump disse que a relação seria “injusta”, mas, na verdade, tem sido superavitária para os Estados Unidos, desde 2009.

O conteúdo da carta gerou perplexidade entre autoridades diplomáticas brasileiras porque interveio, abertamente, na soberania brasileira, ao mencionar o julgamento no qual é réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), resvalando na autonomia do Poder Judiciário brasileiro, e, simultaneamente, interferindo no cenário político nacional, com possível impacto nas futuras eleições.

Nenhum comentário: