Andrea Jubé / Valor Econômico
O Ministério das Relações Exteriores devolveu a carta à representação americana, por considerar o documento ofensivo e com erros factuais, disse uma fonte diplomática a par do assunto
Depois da resposta institucional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à carta pública do presidente Donald Trump, o Ministério das Relações Exteriores convocou,
pela segunda vez, o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, desta vez,
para explicar o comunicado que anunciou tarifa de 50% na relação comercial
entre os dois países.
Nesse encontro, o Itamaraty devolveu a carta à representação americana, por considerar o documento ofensivo e com erros factuais, conforme relato de uma fonte diplomática a par do assunto ao Valor.
A reunião ocorreu na noite desta quarta-feira
(9), novamente, entre Escobar e a secretária
de Europa e América do Norte, embaixadora Maria Luisa Escorel.
Em primeiro lugar, o representante do governo americano foi instado a confirmar
a autenticidade da carta de Trump a Lula, porque a comunicação não operou pelos
canais diplomáticos tradicionais, e, sim, por uma plataforma digital.
Diante da confirmação
da autenticidade do comunicado, segundo a mesma fonte diplomática, a
embaixadora formalizou a devolução do documento, que classificou como
“ofensivo”, por conter afirmações inverídicas sobre o Brasil, violar a
soberania brasileira, e ainda implicar erros factuais sobre a relação comercial
bilateral. Trump disse que a relação seria “injusta”, mas, na verdade, tem sido
superavitária para os Estados Unidos, desde 2009.
O conteúdo da carta gerou perplexidade entre autoridades diplomáticas brasileiras porque interveio, abertamente, na soberania brasileira, ao mencionar o julgamento no qual é réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), resvalando na autonomia do Poder Judiciário brasileiro, e, simultaneamente, interferindo no cenário político nacional, com possível impacto nas futuras eleições.
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