Folha de S. Paulo
Em algum lugar da Flórida, a nata
bolsonarista abre agora um espumante gargalhando
A responsabilidade pela tarifa de 50% ao Brasil anunciada na quarta-feira (9) pelo presidente dos EUA tem nome e sobrenome: Jair Messias Bolsonaro, e quem disse isso foi o próprio Donald Trump já na primeira linha de sua carta ao governo brasileiro. O presidente dos EUA qualifica como "desgraça internacional" punir o perdedor de eleições limpas que, incapaz de aceitar a derrota, orquestrou um golpe, liderou a depredação de prédios dos três Poderes e previu supostamente a prisão e a morte de autoridades.
A carta de Trump parece ter sido escrita por
Eduardo Bolsonaro ou um dos patriotas (sic) que fugiram do Brasil para
arquitetar diretamente da Disney a intervenção estrangeira norte-americana nos
assuntos internos do país. Trump desnuda o patriotismo antipatriótico
bolsonarista para quem ainda não tinha entendido: conspiram contra o Brasil
celebrando a imposição de tarifas contra produtos brasileiros em violação a
noções básicas de soberania, porque quer intervir no Judiciário brasileiro e
não resolver déficit comercial. Em algum lugar da Flórida, a nata bolsonarista
abre agora um espumante gargalhando do Brasil, no caso, rindo de nós.
Na política doméstica, o presidente dos EUA
ajuda Lula:
dá de mão beijada, de um lado, a quem culpar pela tarifa (Bolsonaros) e, de
outro, abre a caixa de pandora da reciprocidade. Na política comercial, Trump
prejudica Tarcísio, que deve agora trocar o seu boné trumpista por outro:
"Faça o agronegócio mais pobre", já que o tarifaço deve afetar mais o
setor agro, etanol e aéreo, e logo o Sudeste e o Centro-Oeste.
Na diplomacia, mais sóbria, Itamaraty deve
convencer os americanos de que taxar neste volume um país com o qual os EUA
possuem uma significativa balança comercial nos dois lados —com superávit
comercial para os EUA— pode prejudicar os próprios americanos com a alta de
preços no país. Junto com a sua carta, Trump assina o atestado de que se
incomoda com os Brics revelando que, apesar de ser um animal desengonçado e
instável, irrita os amigos da América do Norte.
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