Folha de S. Paulo
Disputa amplificou o debate sobre contas
públicas de uma forma que não acontecia antes, mesmo em meio à polarização
Prevaleceu o mínimo de bom senso do Senado em
recuar e desistir de votar o projeto
que afrouxa a Lei de Responsabilidade Fiscal ao permitir a retirada
dos gastos com terceirização do limite de despesa de pessoal.
Incluído na pauta de votação nesta semana, o projeto, já aprovado na Câmara, é uma daquelas bombas para as finanças públicas com efeitos prolongados. Uma avenida para o descontrole das contas, principalmente dos municípios. As prefeituras pisaram no acelerador e ultrapassaram os estados na liderança de gastos com pessoal entre os entes da federação. A virada se deu no momento em que as contas de cada vez mais municípios entram no vermelho, com despesas em alta.
É mais uma daquelas propostas que proliferam
no Congresso, pioram as contas públicas, e que vão avançando ao mesmo tempo em
que os parlamentares
pedem corte de gastos do governo.
Depois de ter apresentado um parecer
favorável, apoiando a flexibilização, o relator Efraim Filho (União-AP), diz
que pensou melhor e reconheceu que o texto pode driblar a LRF. Ele pediu para
reavaliar o tema na comissão antes de voltar ao plenário.
A tentativa de aprovar o projeto na esteira
da guerra política entre governo e Congresso, no debate
fiscal em torno da alta do IOF, não deu certo. O recuo da LRF, quando a
votação já era dada como certa, mostrou que a disputa do IOF amplificou o
debate sobre contas públicas de uma forma que não acontecia antes, mesmo em
meio à polarização.
Um dos líderes da oposição, o presidente do
PP, Ciro Nogueira (PI), cobrou a votação do projeto dos supersalários. A água
está batendo no pescoço dos políticos. Pode ser positivo. As redes estão
mudando a pauta. Vale para o governo e a oposição.
É o que deve acontecer agora com a decisão
de Donald Trump de taxar os produtos brasileiros em 50%. Se, de um
lado, a oposição comemora o apoio do presidente dos EUA a Bolsonaro, por outro,
a taxação de Trump pode permitir também a Lula enfraquecer o discurso da
direita no setor empresarial que será prejudicado pela taxação com viés
político.
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