O Estado de S. Paulo
Apesar de ter déficit com os EUA, Brasil é protecionista, com alíquota de 11% e ações anti-dumping
Grandes empresas brasileiras
que exportam para os EUA contrataram escritórios de l obby em Washington para
tentar encaixar seus produtos na lista de exceções da tarifa de 50%. Algumas,
com sucesso. Enquanto isso, a situação política se deteriora com as sanções ao
ministro do STF Alexandre de Moraes.
Um lobista que serviu no primeiro mandato de Donald Trump contratado por clientes brasileiros me explicou que o argumento de que as tarifas elevam os preços aos americanos não tem efeito. Os preços não subiram até agora – provavelmente por causa dos estoques feitos pelos importadores antes das tarifas. O governo Trump 2.0 não trabalha com cenários econômicos: está mais interessado em medidas de velocidade e impacto.
As tarifas têm quatro
motivações mais prioritárias do que preços: trazer de volta a produção para os
EUA, depois do trauma da pandemia, que expôs a dependência americana de bens
provenientes do exterior; comércio justo e equilibrado; gerar receitas com os
impostos alfandegários; e impor a solução de conflitos, no caso da Rússia.
A Embraer gera 2.500
empregos diretos e 10 mil indiretos nos EUA. Nos próximos 5 anos, ela prevê
importar US$ 21 bilhões e exportar apenas US$ 13 bilhões, criando déficit de
US$ 8 bilhões.
O Fórum de CEOs BrasilEUA
reúne 11 empresas, que geram 18 mil empregos diretos nos EUA. Elas pretendem
investir mais US$ 7 bilhões nos EUA em 3 anos, gerando mais 3 mil empregos. O
Brasil poderá ser atingido por outra tarifa, de 100%, se continuar importando
da Rússia, como parte da pressão de Trump para encerrar a guerra na Ucrânia.
Apesar de ter déficit com os
EUA, o Brasil é muito protecionista, com alíquota média de 11%, enquanto a
americana era de 2%; barreiras não-tarifárias e práticas desleais, como medidas
anti-dumping. Só o governo brasileiro pode mudar isso.
O chanceler Mauro Vieira
disse ao secretário de Estado Marco Rubio que “a Justiça é independente no
Brasil, como nos EUA”. Trump acha que a Justiça americana é usada contra ele
pelos democratas. O Departamento de Estado não quis comentar o encontro.
O influente secretário do
Tesouro Scott Bessent comunicou ao ministro Fernando Haddad que eles não têm o
que conversar. Só o vice Geraldo Alckmin conseguiu falar com o secretário de
Comércio Howard Lutnick. “Ouçam Trump”, me disse o lobista Brian Ballard,
ex-advogado do presidente. “Não queremos que o Brasil se torne Cuba ou
Venezuela. Ainda não é.”
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