O Estado de S. Paulo
Eduardo Bolsonaro não escapa do STF; Jair Bolsonaro, nem do STF nem do Congresso
O projeto de anistia para
Jair Bolsonaro e o destino do seu filho 03, Eduardo Bolsonaro, estarão no topo
da agenda política, em mais uma semana daquelas, com a reabertura do
Legislativo, a sociedade radicalizada e o País sob a expectativa da entrada em
vigor do tarifaço na quarta-feira, sem que saiba até onde Donald Trump pretende
ir.
O foco estará nos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, que estão no fio da navalha, sob pressão dos bolsonaristas, pela anistia, e dos lulistas, pela cassação de Eduardo Bolsonaro, que trocou os votos pelas armas e está na linha de frente dos ataques dos EUA ao Brasil.
Alcolumbre e Motta são
legítimos líderes do Centrão e quem manda no Congresso é o Centrão, da direita
não tão ideológica, muito mais fisiológica, cuja grande expertise é sentir os
ventos para escolher o lado que promete as maiores vantagens, emendas, cargos...
Justiça se faça, porém. Isso
não significa que Alcolumbre, Motta, o Centrão e o Congresso apoiem tarifaço
americano, ataques de Trump ou golpes de Estado. Bom exemplo é Arthur Lira,
ex-presidente da Câmara e patrocinador de Motta à sua sucessão. Às emendas e
cargos, tudo! Golpe, jamais!
Lira traçou uma linha no
chão, inclusive para o general Braga Netto, agora réu pela tentativa de golpe,
que, segundo o Estadão, ainda em 2021, lhe enviou um emissário com a ameaça de
que, sem “votos impressos e auditáveis”, não haveria eleição. Lira reagiu:
“Daqui não passo”. E não passou. Com o então presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco, comandou o Congresso no rumo da democracia e, apesar de provavelmente
não ter votado em Lula, foi o primeiro a reconhecer institucionalmente sua
vitória em 2022.
Assim, com todos os defeitos
que tenham, é provável que Alcolumbre e Motta não se unam aos radicais para
anistiar quem atentou contra a democracia, apesar de ficarem em cima do muro
quanto à cassação de Eduardo Bolsonaro, que tem pilhas de motivos, mas pode não
ser conveniente.
Um dos erros de Eduardo
Bolsonaro foi acusar Motta de ter se comprometido com a anistia e recuado por
medo, depois de uma batida da PF, por desvios de emendas, na cidade da Paraíba
em que o pai é prefeito. Mexeu com os brios e a família de Motta.
E mais: nem a anistia de
Jair nem o destino de Eduardo estão nas mãos do Congresso, mas sim do STF, da
PGR e da PF, de olho no deputado e no blogueiro Paulo Figueiredo por,
basicamente, conspirarem contra o Brasil no exterior. Se escapar no
Legislativo, o 03 dificilmente escapa no Judiciário. E Jair Bolsonaro não
escapa de nenhum dos dois.
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