Folha de S. Paulo
Não se deve dar asas às
cobras do golpe, sob pena de liberá-las para engendrarem novos ataques
O resultado das ações do
filho do ex-presidente e do neto do último ditador do regime militar comprova
não só a influência dos dois em Washington, como é a maior evidência de que é
justo, e até ameno, o empenho rigoroso do Supremo Tribunal Federal no trato aos
golpistas e companhia.
As sanções econômicas ao Brasil e o cerco financeiro a Alexandre de Moraes, passível de ser estendido a outros ministros do STF, demonstram que não se pode desdenhar da aptidão de certos seres deformados para produzirem o mal.
Foram capazes de engendrar
planos de prisão e assassinatos para tentar não só contrariar a vontade popular
expressa em eleição livre, como derrubar os preceitos de uma República de
democracia reconquistada a duríssimas penas. São capazes de tudo e mais um
pouco, como vemos agora.
Não medem consequências e,
portanto, tampouco se deve contemporizar na aplicação de corretivos legais aos
que colocam o país abaixo de suas conveniências malsãs.
O "Brasil acima de
tudo" é, pois, uma mentira. Bem contada, mas agora desmontada na ofensiva
da direita extremada liderada por Eduardo Bolsonaro (PL) e Paulo Figueiredo.
Os dois foram subestimados
enquanto foi superdimensionada a crítica à rigidez do STF, da Polícia
Federal e da Procuradoria-Geral da República na condução da
investigação e do julgamento dos crimes de lesa-pátria.
Nunca é tarde, no entanto,
para se corrigir o rumo da abordagem dos acontecimentos que desembocam num
fato: de um lado há infratores e de outro operadores da lei. Não é difícil
escolher junto a qual tipo de vizinhança devemos nos postar.
A despeito do êxito imediato
dos conspiradores, o efeito pode ser temporário e exposto como erro de cálculo,
se os brasileiros conseguirem reconhecer o risco de se dar asas a essas cobras.
Tratadas com complacência, voltarão a atacar.
A Justiça tem seus meios, e
a política, os próprios métodos, para extirpar de seu seio os criminosos.
Eleitores temos à disposição a ferramenta do discernimento na hora do voto.
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