domingo, 3 de agosto de 2025

Terceira Guerra Mundial em andamento – O Brasil já entrou - Alfredo Maciel da Silveira

Trump, Bolsonaro, Milei,... eleitos pelo povo. Mussolini e Hitler também o foram...

No presente século, mudaram as mediações midiáticas da política em geral, não apenas pelo lado da extrema direita. Perry Anderson, em artigo de uns 10 anos atrás (publicado na Revista Piauí), partindo do caso Berlusconi, já conceituara a “Videopolítica”, evidenciando a prevalência da exposição em TV na construção personalista dos líderes, com os Partidos à reboque. Na própria Itália vide outros casos, de Beppe Grillo a Matteo Renzi. E na Espanha, pela esquerda, a ascensão do movimento Podemos, sob a liderança midiática de Pablo Iglesias.

O que veio mais recentemente foi o crescimento explosivo das mídias digitais, das redes sociais por internet, fenômeno fartamente estudado e analisado, apontando a dianteira tomada pela extrema direita, coordenada em escala mundial. No Brasil, animadores de auditório, donos de redes de canais, “tiriricas,” “telepastores”, etc, e agora os tais “influencers” das redes.

Como iremos sair desse “pântano” movediço da política?

Sinto falta de um Poulantzas (particularmente seu conceito de “estatismo autoritário”, associado à crise da representação política), de Carlos Nelson Coutinho e Werneck Vianna, intérpretes do Brasil. Sinto falta da paixão iluminada de um Berlingüer, em sua última cena de auto-imolação pública, em tribuna, discursando até o coração lhe dizer basta! Tudo filmado e documentado, para quem não seja cardíaco!...

Por isto mesmo, este preâmbulo sobre o “pântano” não poderia escapar de Gramsci: “Só quem deseja fortemente é capaz de identificar na realidade os elementos necessários à realização da sua vontade”. Ou, na expressão simplificada que um dia ouvi de Werneck: “[Em política] só o apaixonado pode prever”.

A Guerra e o Brasil.

 

Analistas militares trabalham hoje com conceitos de "guerras assimétricas"(os EUA no Afeganistão e no Iraque), guerras por ação indireta via países (Ucrânia) ou facções armadas  "proxis" (Houtis no Golfo Pérsico), etc...


Como se está a ver, uma guerra mundial hoje leva a milhões de mortos, mutilados, famintos, genocídios etc, sem necessariamente uma hecatombe nuclear...


Há quem argumente com as majoritárias "forças pela paz" no contexto mundial.


Mas onde estão? O que resta da ONU por exemplo?

O cenário é de guerra longa, duradoura, à semelhança das décadas da “Guerra Fria”, só que agora pelos ajustamentos geopolíticos e geoeconômicos que têm seus tempos próprios.

 

Tenho assistido na TV e canais de Internet, entrevistas dos senadores brasileiros da Comissão, ideológica e politicamente ampla, que esteve em conversações nos EUA. Tiveram pouca cobertura nas mídias.

Relatam que deputados norte-americanos dos dois lados, Democratas e Republicanos, estão para votar projeto com pesadas sanções a países que fazem negócios com a Rússia. O objetivo, acreditam, é poderem sufocar a Rússia economicamente (acho isso totalmente ilusório).

Nossos senadores entrevistados, inclusive os ligados ao Agronegócio, dão o exemplo dos fertilizantes e de outros insumos (diesel), transacionados com Rússia.

Vejam. São relatos de insuspeitos senadores da burguesia brasileira.

O que os senadores brasileiros constataram (gente como Esperidião Amin, Tereza Cristina, etc) é o acirramento do conflito com a Rússia! Isto passa pelo Congresso dos EUA. É mais do que Trump, que ainda neste 01 de agosto, fez arreganhos à Rússia enviando dois submarinos nucleares, sabe-se lá pra onde.

Os norte-americanos poderiam, digo eu, bloquear reservas internacionais de divisas brasileiras soberanas, operações via SWIFT, etc.

Como se sabe, além de já ocuparem a Base de lançamentos de Alcântara, agora estão de olho na Base aérea de Natal e na ilha de Fernando de Noronha, dada a nova importância estratégica do Atlântico Sul.

Estas ameaças podem chegar, como já apontaram especialistas militares da reserva em audiência há um ano ou mais na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Congresso, até a bloqueio naval de nossos fluxos de comércio!

Perto disso, as fanfarronices de Trump para seu público interno, conjugadas à ação da CIA em tentativas de "regime change" no Brasil (acreditam provocar crise econômica, “revolução colorida” nas ruas, impeachment de Lula, vitória da direita em 2026), são a espuminha do chope.

Si vis pacem para bellum. (se queres a paz, prepara-te para a guera).

Podemos e devemos abdicar dos delírios de "Grande Potência". Mas não podemos prescindir da Defesa Nacional.

Exemplo flagrante. A falta de submarinos de propulsão atômica. Sua principal característica é sua furtividade. São indetectáveis e ficam submersos indefinidamente.  Um país com a costa Atlântica que temos, com nossas rotas de comércio marítimo vulneráveis, com riquezas minerais em águas territoriais... está completamente indefeso.

Como isto aconteceu?

Desde o pós- guerra, nossas FFAA viveram sob o guarda chuva da PAX imperial!

Ora, isto acabou! E os militares brasileiros estão perplexos. É o que se depreende da leitura de fonte bolsonarista na Internet, que consultou comandantes militares da ativa. O que fazer, com FFAA e Indústria bélica sucateadas?  Cadê o guarda-chuva de Tio Sam?

Mas em artigo desta última quinta feira 31 de julho, o Gen Mourão em O Globo prega a volta ao que ele acredita ainda ser o que chamei “guarda-chuva”. Exalta a aliança histórica de Brasil e EUA desde os campos de batalha da Segunda Guerra, a despeito do nosso atual Governo “(...) que falha em exercer a soberania em nome do povo”. E acusa nossas “autoridades públicas” (leia-se STF?), “(...) que desrespeitam a vontade da maioria da população em ver encerrada a sequência lamentável de arbítrio e perseguição que caracteriza a grave crise pela qual passa o país”.

Nesta longa conjuntura de guerra que se abre, temos um ponto forte que vem do Itamaraty. Sua formulação e prática, iniciada no regime militar, do então chamado "pragmatismo  responsável". O militares no poder haviam percebido o imperativo do desenvolvimento socioeconômico para a própria sobrevivência do Regime. Daí reatarem relações com China, URSS. Daí o Acordo Nuclear com a Alemanha. Temos portanto, ao menos no campo diplomático, esta cultura de pragmatismo nas relações internacionais, sem alinhamentos automáticos.

Indo além das alianças eleitoralistas.

A lição que fica pra hoje é o rompimento, sim, com o neoliberalismo, a re-industrialização com autonomia tecnológica, o crescimento econômico acelerado acompanhado de mudanças estruturais na concentração da renda e riqueza, o que só é possível com Planejamento. Infelizmente, isto ainda não entrou na pauta dos democratas.

As circunstâncias da conjuntura têm facultado a Lula, como Chefe de Estado, dar protagonismo ao seu vice-presidente Alckmin, dar mais voz à Ministra Simone Tebet, coordenar ações junto a setores empresariais, assim ampliando as alianças de classe. Esperemos que daí possa surgir a ampla base programática, democrática e política capaz de atravessar aquele “pântano” que nos espera em 2026.

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