Em evento, Dilma rebate FHC
Durante evento com empresários, a presidente Dilma Rousseff rebateu o ex-presidente FHC. Segundo ela, foi o PT quem cadastrou famílias para receber benefícios. “É conversa que tinha cadastro”, disse. Dilma prometeu estabilidade jurídica e remuneração para projetos
Dilma exalta índices econômicos e sociais e critica o "passado"
Tânia Monteiro, Rafael Moraes Moura
BRASÍLIA - Dilma Rousseff usou o discurso de comemoração dos dez anos de criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, para reafirmar os fundamentos econômicos do governo - crescimento com estabilidade e controle da inflação - e assegurou que eles estão mantidos. A presidente aproveitou para fustigar a oposição, que cobra reconhecimento do legado econômico e social do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Dilma acusou a oposição de provocar "instabilidade" ao alardear a ameaça de racionamento de energia no País, lembrando que essas vozes "se calaram" quando o racionamento não aconteceu. A presidente também ressaltou que foi o governo do PT que criou o cadastro para as famílias receberem benefícios sociais. "É conversa que tinha cadastro. Nós levamos um tempão para fazer", afirmou.
Nos últimos dias, petistas e tucanos travam um bate-boca sobre gestões. Na semana passada, Dilma disse não ter recebido nenhuma herança de FHC. "Nós construímos", disse a presidente nas comemorações de dez anos do PT no Palácio do Planalto. Nesta semana, FHC respondeu, em seminário do PSDB em Minas. O ex-presidente chamou Dilma de "ingrata" e disse que ela "cospe no prato em que comeu".
Aos integrantes do Conselhão - fórum que reúne os principais empresários do País -, Dilma tentou contrapor as críticas do senador Aécio Neves (MG), pré-candidato tucano nas eleições ao Planalto no ano que vem, à atual condução da economia."Quando, no Brasil, no passado, a gente teria uma relação dívida-PIB de 35%? Quando? Quando, no passado, na área externa, com as nossas reservas?", questionou a presidente, destacando a melhora dos indicadores econômicos a partir do governo Luiz Inácio Lula da Silva, sucessor de FHC.
É apenas a terceira vez que Dilma aparece em uma reunião do Conselhão desde a posse em 2011.
A maior parte dos slides usados ontem apresentou dados a partir de 2003, quando Lula assumiu o Planalto. Após reiterar que seu governo manteve "a inflação sob controle", "a política de câmbio flexível" e "uma política de robustez fiscal", Dilma destacou que era preciso ter "vontade política" para fazer o Bolsa Família, o Brasil sem Miséria e o Brasil Carinhoso, programas dela e de Lula.
"Criamos um cadastro, porque não existia cadastro. É conversa que tinha cadastro. Nós levamos um tempão para fazer. E para limpar o cadastro, e para ver se não tinha gente em duplicidade? E até hoje fazemos isso", discursou Dilma aos empresários. O governo FHC chegou a criar formalmente o Cadastro Único para Programas Sociais, CadÚnico, por meio do decreto 3877, de 24 de julho de 2001. Mas não havia uma unificação de fato, pois os programas sociais era separados. A unificação ocorreu no governo Lula.
Dilma citou ainda a criação do Cartão do Bolsa Família, considerado "estratégico" para eliminar intermediários na liberação de recursos. O cartão da gestão petista substituiu o "Cartão Cidadão", criado em 2002 por FHC com o objetivo de unificar o pagamento de benefícios como o Bolsa Escola e o auxílio gás.
"Irresponsáveis". Em um dos momentos mais duros do discurso, Dilma chamou de "irresponsáveis" as previsões de que o País poderia enfrentar um racionamento de energia como o ocorrido durante o governo FHC, em 2001. "Esse País tem segurança energética. Hoje, nós temos, antes da entrega dos 10 mil MW que entram esse ano, nós temos 14 mil MW de térmicas. Nunca tivemos isso na vida", afirmou.
"O que não é admissível para o País é que se crie instabilidade onde não há instabilidade", disse a presidente, que completou: "Exemplo: não é admissível que se diga que vai haver racionamento quando não vai haver racionamento. As mesmas vozes que disseram, em dezembro e janeiro que ia haver racionamento, se calam. E a consequência é nenhuma, o que eu acho que é uma irresponsabilidade", disse Dilma. Para ela, "o que afeta a vida das empresas, a vida das pessoas, nós temos de ter cuidado, porque se coloca uma expectativa negativa gratuita para o País."
Dilma quer transformar a área em uma de suas bandeiras na campanha à reeleição a partir da redução da conta de luz, anunciada em rede nacional em fevereiro.
Respostas aos tucanos
Dilma Rousseff, presidente da República:
"Criamos um cadastro (dos programas sociais), porque não existia cadastro. É conversa que tinha cadastro. Nós levamos um tempão para fazer"
"Quando, no Brasil, no passado, a gente teria uma relação dívida-PIB de 35%? Quando? Quando, no passado, na área externa, com nossas reservas?"
"Não é admissível que se diga que vai haver racionamento quando não vai haver. As mesmas vozes que disseram, em dezembro e janeiro que ia haver racionamento, se calam. E a consequência é nenhuma, o que eu acho que é uma irresponsabilidade"
Fonte: O Estado de S. Paulo