Em Pernambuco, Dia Nacional de Lutas tem apoio de cerca de 400 sindicatos. Estão confirmadas duas manifestações: pela manhã, em Suape, e à tarde, no Centro do Recife. Rodovias serão fechadas
Categorias mobilizadas
Pautas vão de redução da jornada de trabalho a reajuste de aposentado. Veja quem deve aderir ao movimento.
Promessa de parar o País
Dia Nacional de Luta ocorre em todos os Estados. Em Pernambuco, centrais sindicais esperam levar 60 mil pessoas às ruas
As sete centrais sindicais que articulam o Dia Nacional de Luta em Pernambuco - uma greve geral de trabalhadores em todo o País - prometem parar o Estado hoje, apostando que a mobilização terá força por causa da união estabelecida entre as entidades para o ato. Com apoio de aproximadamente 400 sindicatos, a organização espera 60 mil pessoas nas ruas, com mobilizações de manhã no Complexo Portuário de Suape e, à tarde, no Centro do Recife. Os governos federal e estadual são alvos das reivindicações.
Além dos dois pontos de protesto, a promessa é parar, simultaneamente, sete rodovias federais e estaduais que cortam o Grande Recife e o interior. Os locais de bloqueio não foram divulgados pelas centrais sindicais por questão de estratégia.
Estão programadas caravanas para transportar trabalhadores do Sertão e do Agreste para a capital pernambucana, onde, às 14h, haverá concentração na Praça do Derby para a passeata que percorrerá vias importantes do Centro, como as Avenidas Conde da Boa Vista e Guararapes, acompanhada de um trio elétrico e cinco carros de som. Apenas a Força Sindical está mobilizando funcionários de cidades como Santa Maria da Boa Vista, Petrolina, Pesqueira, Arcoverde, Caruaru e Garanhuns.
"O fervor está surpreendendo até a nós mesmos (organizadores do ato), porque estamos tendo apoio de segmentos que nunca puderam participar de manifestações assim e agora estão unânimes no apoio, como os médicos. Nunca houve esta unidade", contou o diretor de Relações Sindicais da Força Sindical em Pernambuco, Antônio Ricardo Marques.
Outros movimentos, como a Frente de Luta Pelo Transporte Público e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), se incorporaram ao ato levando seus pleitos.
A expectativa é que a pauta de reivindicação - que é nacional e envolve desde reforma agrária ao fim do fator previdenciário - seja entregue a deputados estaduais e a um representante do governo estadual. A passeata fará uma parada em frente à Assembleia Legislativa, à tarde.
O secretário de Articulação Social, Aluísio Lessa, teve um encontro com as centrais no início da semana e demonstrou interesse de receber a pauta, embora não tenha oficializado que os manifestantes serão recebidos hoje.
Além da pauta nacional, será divulgada uma carta aberta aos pernambucanos, na qual há pleitos locais, como a não privatização da Compesa e a criação de um conselho para para discutir investimentos em Suape e cidades polo.
Em Pernambuco, sindicatos como o dos professores das Universidades Federal e Rural de Pernambuco, dos servidores estaduais de saúde, comerciários e bancários anunciaram paralisação total ou parcial.
Ontem, centrais sindicais de todo o Brasil envolvidas na manifestação reuniram-se para acompanhar as articulações em cada Estado.
Segurança
A Secretaria de Defesa Social (SDS) informou ter montado um esquema especial de segurança para acompanhar a mobilização que inclui 1.300 homens. Equipes dos Batalhões de Área e das Unidades Especializadas da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil estarão no Porto de Suape e no Centro do Recife. As prefeituras também disponibilizaram os efetivos das Guardas Municipais.
Agentes da Companhia de Trânsito e Transportes Urbanos do Recife (CTTU) farão bloqueios nos trechos por onde o protesto passar.
Portuários querem fechar acesso a Suape
Uma parte dos trabalhadores portuários vai participar de um protesto que promete interditar os acessos ao Porto de Suape a partir das 7h de hoje. A manifestação vai interditar as duas rodovias que permitem a entrada ao complexo industrial: a BR-101 e a Curva do Boi, segundo o presidente do Sindicato dos Estivadores dos Portos de Pernambuco, Josias Santiago."Também não haverá operação dos navios em Suape", comenta Josias Santiago. Grande parte dos trabalhadores atua nos portos de Suape e do Recife. Eles formam um grupo de cerca de 1,9 mil profissionais, dos quais 1,3 mil são ligados ao Sindicato dos Estivadores.
"A totalidade dos trabalhadores não vai participar do protesto, porque os do Porto do Recife vão atuar normalmente", afirma Santiago. Ele acrescenta que as centrais sindicais estão concentrando o protesto em Suape "porque dá mais notoriedade ao movimento", já que é o principal polo concentrador de empresas no Estado.
Ainda de acordo com Josias Santiago, o protesto está sendo realizado porque a União não atendeu uma pauta de reivindicações entregue pelos diretores das centrais sindicais aos representantes do governo federal, em 2010. Entre os pleitos, estão o fim do fator previdenciário, a melhoria das aposentadorias, a suspensão da emenda constitucional n° 4.333 - que trata da contratação de pessoal terceirizado -, melhoria no transporte público e na saúde.
A assessoria de imprensa do Porto de Suape informou que o governo do Estado vai garantir o direito de ir e vir dos cidadãos de forma pacífica. O protesto está sendo realizado por várias centrais sindicais, como a Força Sindical, CUT, CTB, Conlutas e a Nova Central, entre outras.
Bancários e comerciários reforçam ato
A presidente do Sindicato dos Bancários, Jaqueline Mello, alerta a população que é melhor resolver as pendências nas agências durante a manhã, pois é esperada adesão de funcionários dos bancos na manifestação no Derby. Ela avisa que muitas agências do Centro e dos bairros do Recife farão paralisações parciais. "Deliberamos que vamos fechar algumas agências, principalmente as do Centro", disse.Também é esperada a adesão de trabalhadores do comércio. De acordo com o sindicato da categoria, todo o varejo do Centro e dos shoppings deverão fechar as portas. Os patrões, no entanto, estão firmes no propósito de abrir seus estabelecimentos. Os centros de compras abrirão as portas, mas, eventualmente, poderá haver lojas fechadas por causa de falta de funcionários. A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e o Sindicato dos Lojistas do Comércio de Bens e Serviços do Recife (Sindilojas) orientaram as empresas funcionar normalmente na ocasião.
"Tendo em vista as perdas sofridas pelo setor nas últimas semanas, por conta da greve dos rodoviários e outras manifestações, a sugestão é uma forma de salvaguardar os resultados das empresas e a remuneração dos comerciários, evitando novos prejuízos", defendem as duas entidades.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Supermercados, Carlos Santana, é mais realista e acredita que é difícil mobilizar a categoria. O funcionalismo estadual não participará da mobilização. Repartições e serviços públicos devem funcionar normalmente. Os servidores querem reajuste de 11,84% - a soma da inflação de um ano mais o crescimento do PIB do Estado -, além de 10,75% de aumento para 2014.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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