quinta-feira, 11 de julho de 2013

Centrais tentam acordo antes de ir à rua

Pedro Veítceslati, Mearão Cítapoíu e Roldão Artuda

Temendo um racha no "Dia de Nacional de Lutas", movimento organizado por centrais sindicais e organizações de classe que pretende paralisar São Paulo hoje,-CUT, Força Sindical as demais entidades fizeram ontem uma reunião de emergência para unificar o discurso, Liderada pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva? tio PBT? a Força, que é crítica ao governo Dilma Rousseff, se recusava a incluir o plebiscito da reforma política na pauta»

"No carro de som onde estarão os dirigentes das centrais e nas faixas conjuntas não entrarão o fora Dilma, o fica Dilma ou a reforma. O centro da pauta é questão trabalhista. Mas os militantes cutistas levarão cartazes em defesa da reforma política, da taxação das grandes fortunas e da reforma tributária", diz Vagner Freitas, presidente da CUT.

Os militantes da central, que é ligada ao PT, pretendem preservar a presidente Dilma e focar as críticas no Congresso Nacional. A UNE, que é dirigida pelo governista PC do B, também levantará bandeiras governistas e poupará a presidente. "Não é a CUT que está levando a pauta -da Dilma, é a Dilma que está levando a pauta da CUT", afirma o presidente da entidade.

Apesar do acordo, Paulinho disse que os militantes da Força protestarão contra a presidente. "Nossas palavras serão duras contra o governo Dilma, que atendeu às questões trabalhistas. Ela não quis saber delas até hoje". Ainda segundo o dirigente, o foco da central também será a inflação e a política econômica. "Essa também é nossa pauta", diz. No começo da semana, Paulinho disse que a Força levantaria a bandeira "Fora Dilma" se a presidente tentasse "enxertar", o tema do plebiscito pela reforma política durante as manifestações do Dia Nacional de Lutas. Questionado pelo Estado se a Força se posicionaria sobre o plebiscito nos atos de hoje, Paulinho interrompeu: "Nem fala em plebiscito para a gente. É assunto enterrado".

A Executiva Nacional do PT aprovou, na última quinta, uma resolução na qual convoca seus militantes a assumirem "decididamente" as manifestações no Dia Nacional de Lutas, com greves e atos em defesa das reivindicações trabalhistas e da reforma política. A ideia é fazer ali a propaganda do plebiscito. Presidente da União Geral dos Trabalhadores, Ricardo Patah afirma que não vai levantar a bandeira Fora Dilma, defendida pela Força Sindical, nem se alinhar com a defesa do plebiscito, apoiada pelo PT e a Central Única dos Trabalhadores. "A UGT vai levantar a bandeira Se Liga Dilma, para que ela nos escute e atenda nossas reivindicações", diz.

A decisão levou a uma mudança na estratégia das manifestações da UGT nesta quinta. Originalmente, estava previsto que a UGT iniciaria suas manifestações na Rua 25 de Março, o principal e mais popular dos centros comerciais da capital, e de lá seguiria para a Avenida Paulista, onde faria um ato final, ao lado de representantes de outras centrais. Ontem ficou decidido que as manifestações da UGT, após passarem pela 25 de Março e a Paulista, serão encerradas na Praça da República, na área central da cidade. Além d"t manifestação central 11a Ave- lida Paulista, a Força realizará atos isolados em vários pontos da cidade. A CUT realizará um evento em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

Radicais. Embora critique o financiamento das campanhas eleitorais, o presidente nacional do PSTU, José Maria de Almeida, também dirigente da rede sindical Conlutas, reforça que a greve de hoje não será em apoio às propostas do governo Dilma de reforma política nem ao plebiscito proposto pelo PT. A greve, diz ele, é para "cobrar do governo Dilma o atendimento das reivindicações dos trabalhadores", o que incluí a redução da jornada de trabalho para 40 horas, fim do fator previdenciário, reforma agrária e pautas como fim dos leilões do petróleo e melhorias no transporte (com redução de preço), na saúde e na educação. "A situação que nos encontramos não é fruto da falta de recursos para atender as reivindicações dos trabalhadores. O problema é que o governo aplica um modelo econômico que beneficia bancos, grandes empreiteiras e o agronegócio, que depois financiam campanhas", afirmou.

Ele reafirmou que não está defendendo o "Fora Dilma", nem a demissão de nenhum ministro. "Estamos propondo mudança do modelo econômico. Se o governo não mudá-lo, o próximo passo é uma greve geral. Se o governo ainda não mudar, aí essa luta vai virar para sair o governo também. Mas essa não é a luta agora".

Almeida disse ainda que militantes do PT não serão hostilizados caso compareçam, Mas isso desde que apareçam na rua para engrossar a massa que reivindica atendimento de suas pautas. "O PT, se aparecer, até será bem vindo. Mas nossa pauta é clara", disse. "Não existe manifestação contra o governo. Ela é a favor dos trabalhadores", diz Arthur Henrique, ex-presidente e : membro da executiva da CUT. / Colaborou Bruno Ribeiro

Fonte: O Estado de S. Paulo

Nenhum comentário: