Por Caio Junqueira
BRASÍLIA - Em sua passagem de dois dias por Brasília, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, participou de diversas reuniões políticas com aliados em que intensificou os preparativos para sua campanha presidencial em 2014. Avaliou que o quadro da sucessão está mais do que nunca em aberto e que a disputa agora é pelo nome que irá ao segundo turno: ele ou o senador Aécio Neves (PSDB). E que já é possível afirmar que a presidente Dilma Rousseff "não ganhou 2013".
"Ganhar 2013" era uma das condições que ele colocava a Dilma quando questionado sobre seu apoio à presidente nas eleições de 2014. Na metade do ano, segundo relatos de quem esteve com ele, Campos cravou que já é possível afirmar que ela não obteve "êxito" nem na política nem na economia. Chegou a dizer que só em valor de mercado as empresas nacionais "derreteram R$ 150 bilhões" e a inflação permanece uma ameaça, sem respostas do governo à altura para contê-la.
Na política, afirmou que as manifestações criaram um novo cenário que promove um rearranjo partidário no desenho das coligações para a sucessão presidencial, da qual trabalha para se beneficiar. Um bom exemplo foi o relato que deu sobre uma conversa que teve com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, na qual sentiu o ex-prefeito de São Paulo com dúvidas quanto ao apoio ou não a Dilma.
Campos também classificou de uma nova onda de ataques petistas contra sua candidatura as especulações de que sua candidatura teria refluído e que cresceram as chances de ser candidato a vice em um eventual retorno na disputa eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Manifestou uma opinião contrária a esse sentimento: a convicção de que Lula não será candidato.
Apesar dessas especulações sobre ser vice de Lula egressas, segundo ele, de petistas, Campos pontuou que o PT diminuiu os ataques a sua candidatura. Se antes a estratégia petista era de isolá-lo no seu partido, agora sente um cuidado e precaução do PT por reconhecer que ele pode ser o fiel da balança nas composições de 2014.
Nas reuniões que teve, o governador disse que as manifestações beneficiam primeiro a candidatura de Marina Silva (Rede) e depois a dele, por serem, em maior ou menor grau, novidades no cenário político nacional. Mas como considera difícil Marina ter uma estrutura viável para sua eleição, ele pode se beneficiar.
Apesar disso, alertou que não fará qualquer movimento para desestabilizar o governo. O que não significa que não seguirá dando os passos necessários para consolidar a sua candidatura. Campos aproveitou a passagem por Brasília para avançar na elaboração de alguns palanques regionais. A mais relevantes das conversas que teve foi com o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), que, embora seja seu correligionário, é muito próximo de Aécio e tende a apoiá-lo. Campos lhe propôs que saia candidato a governador em 2014 pelo PSB e que com isso ofereça palanque duplo tanto a ele quanto a Aécio. O senador tucano, por ora, rejeita esse cenário. Concorda com ele contanto que Lacerda deixe o PSB e migre ao PSDB.
No Rio, acertou com o deputado Glauber (PSB-RJ) sua ida ao estado neste sábado, para participar de um encontro nacional de militantes e parlamentares federais com o objetivo de discutir a atual conjuntura política do país. Fará uma palestra sobre o cenário político, social e econômico do país e como o PSB se situa nele.
Também deve avançar em algumas conversas sobre seu palanque no Estado. São duas suas apostas: o deputado Romário (PSB-RJ), que pode sair a governador ou mesmo ao Senado; e o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), a governador ou como seu vice, no caso de se concretizar a aliança com o PDT.
As conversas, porém, ainda são incipientes. Antes de traçar o cenário ideal no Rio, é preciso amenizar a relação entre Romário e o presidente estadual do PSB, Alexandre Cardoso, prefeito de Duque de Caxias. Romário se incomodou com declarações de Cardoso contrárias a candidatura de Campos. Por isso, ameaça deixar o partido.
O governador de Pernambuco esteve em Brasília para um encontro com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Nele, apresentou seus projetos de mobilidade urbana conforme solicitado por Dilma a governadores e prefeitos de capitais como resposta às manifestações populares. À tarde, esteve também no Ministério da Fazenda para um encontro com o secretário do Tesouro, Arno Augustin, para tratar do endividamento do Estado.
Fonte: Valor Econômico
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