quinta-feira, 11 de julho de 2013

Juro sobe, indústria cai e centrais vão às ruas

Mais de 6 milhões de trabalhadores devem aderir hoje ao Dia Nacional de Lutas, e os protestos ganharam combustível extra após um dia de más notícias na economia: o BC elevou a Selic para 8,5%, houve queda no emprego industrial e o dólar fechou em R$ 2,27, maior cotação desde 2009

Protestos devem reunir 6 milhões

Trabalhadores prometem cruzar os braços hoje no país. Cinco mil marcharão em Brasília

Bárbara Nascimento, Ana Carolina Dinardo e Leandro Kleber

Cerca de seis milhões de trabalhadores devem aderir hoje ao Dia Nacional de Lutas, segundo estimativa da Força Sindical. Em Brasília, 5 mil pessoas são esperadas na marcha entre o Museu da República e o Congresso Nacional, a partir das 15h. O movimento promete paralisar setores estratégicos como portos, rodovias, bancos e construção de aeroportos apesar do aviso categórico do governo de que não vai permitir que as atividades de infraestrutura sejam interrompidas, conforme falou ao Correio, na edição de ontem, o ministro Luís Inácio Adams, da Advocacia-Geral da União (AGU).

O movimento, que inicialmente contava com a adesão, basicamente, de empregados do setor privado, já foi engrossada por estudantes, técnicos administrativos de universidades, rodoviários, sem terra, agentes penitenciários de Brasília e servidores públicos federais. Os funcionários da Esplanada dos Ministérios serão liberados mais cedo para participar da mobilização, segundo informações do Sindicato dos Servidores Públicos Federais. O Partido dos Trabalhadores (PT) também deve marchar junto ao movimento e é, inclusive, acusado pelos sindicalistas de tentar se infiltrar nas manifestações com objetivo de levantar bandeiras favoráveis ao Palácio do Planalto.

Interrupções

A maior preocupação do governo, no entanto, é que as atividades estratégicas sejam interrompidas. Os funcionários do porto de Santos iniciaram as paralisações ontem, ao impedir o embarque e desembarque de 13 navios. Hoje, portuários deverão cruzar os braços por 12 horas na maior parte do país. A categoria está apreensiva com a privatização dos terminais e receia que haja perda de postos de trabalho e benefícios, segundo a Federação Nacional dos Estivadores.

Já os bancários devem interromper o atendimento nas agências do Rio de Janeiro e de São Paulo até as 12h e em Minas Gerais durante todo o dia. Em Brasília, as instituições financeiras funcionam normalmente. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) divulgou que considera as paralisações um “desrespeito à lei de greve”, já que a categoria possui uma convenção coletiva vigente e não há nenhuma negociação salarial em andamento.

As rodovias, sobretudo paulistas, também devem ser interrompidas. O intuito, segundo o presidente da Cental Sindical e Popular (CSP Conlutas), José Maria Almeida, é fechar as vias Presidente Dutra, Ayrton Senna, Bandeirantes, Raposo Tavares e Regis Bitencourt, além da BR-101, que sai do Rio Grande do Norte e atravessa 12 estados. Metrôs e ônibus de São Paulo vão seguir o exemplo e parar ao menos por algumas horas. Por isso mesmo, o Palácio do Planalto já avisou que poderá recorrer a medidas judiciais para impedir as interrupções. Em Porto Alegre, a Justiça do Trabalho expediu liminar ontem mesmo para evitar a greve do transporte público.

O principal objetivo dos manifestantes é trazer à tona pauta que, segundo os sindicalistas, foi entregue à presidente Dilma Rousseff em 2010 e que inclui o fim do fator previdenciário, jornada de 40 horas semanais sem redução de salário e reajuste para aposentados. O impacto estimado nos cofres públicos com o atendimento das reivindicações é de R$ 5 bilhões. Além disso, cada categoria que aderiu ao movimento possui pautas específicas. Os servidores federais querem a antecipação para 2014 da parcela do reajuste de 15,8% prevista para 2015.

“Entregamos a pauta sindical à presidente Dilma e não houve avanço. O governo alega que muita coisa depende do Congresso. Então, o alvo agora dos protestos são os dois poderes: Executivo e Legislativo”, afirmou o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Antonio Neto. Ele ressaltou que os protestos pretendem apenas atrasar a abertura dos estabelecimentos. “Não se trata de greve geral. São atos, paralisações e atrasos na abertura de agências bancárias e fábricas. Apenas os rodoviários e os metroviários farão greve”, explicou. (Colaborou Antonio Temóteo)

Trânsito na Esplanada

Durante a manifestação, o trânsito na Esplanada dos Ministérios poderá ser interditado em todas as faixas a partir do Complexo Cultural da República, onde os trabalhadores vão se concentrar. Porém, a decisão será tomada somente na hora do protesto e, se houver necessidade, destacou o capitão Everaldo Aragão, chefe administrativo do BPTran. Ao todo, 27 policiais militares terão a função de organizar o fluxo de veículos.

Fonte: Correio Braziliense

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