Foram criadas 41.463 vagas com carteira assinada no país no mês passado, 70% menos do que em julho de 2012. A geração de empregos recuou em todos os setores da economia brasileira.
Emprego com carteira assinada tem o pior julho em dez anos
Foram 41.463 vagas, recuo de 70,9% sobre mesmo mês de 2012
Geralda Doca
BRASÍLIA - O mercado formal de trabalho registrou em julho a geração líquida (admissões menos demissões) de 41.463 empregos, o que representa recuo de 70,9%, na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram geradas 142.496 vagas. É o pior resultado para o mês nos últimos dez anos. Entre janeiro e julho, foram criados 907.214 postos de trabalho, considerando dados ajustados (declarações fora do prazo), queda de 33,5% frente ao saldo obtido no mesmo período de 2012 (1,364 milhão de vagas).
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho, mostraram que, no mês passado, houve desaceleração acentuada do emprego em todos os setores da economia. Além disso, o conjunto das regiões metropolitanas registrou saldo negativo, com a eliminação de 11.058 postos. No Rio, foram fechados 755.
No mês passado, o emprego com carteira assinada foi puxado pela agricultura, que respondeu por 18.133 postos de trabalho, graças às safras de laranja, uva e soja. Ainda assim, o saldo ficou abaixo do registrado em igual período de 2012, que foi 23.951. Na indústria de transformação, o nível do emprego recuou 71%, com a criação de 7.154 vagas, contra 24.718 em julho do ano passado. As demissões superaram as contratações nos subsetores industriais de borracha e fumo, material elétrico e de comunicação, madeira, móveis e têxtil.
Comércio e serviços contratam menos
No comércio, as contratações caíram 93,3%, de 22.847 vagas para 1.545. A construção civil, setor intensivo em mão de obra, gerou apenas 4.899 postos frente os 25.433 em julho de 2012 (queda de 80,7%). Até o segmento de serviços, que vinha contratando com algum vigor, abriu apenas 1.234 vagas, queda de 71,2% sobre julho de 2012.
Ao divulgar os dados, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, não quis falar da estimativa de geração de empregos para o ano, fixada anteriormente em 1,4 milhão. Disse simplesmente que não tinha projeção. Ele destacou que, apesar do recuo nas contratações, o saldo do Caged como um todo ainda é positivo. Ao ser indagado se a situação é preocupante, respondeu:
- Preocupante sempre é, à medida que você quer cada vez mais crescer. Mas, a nossa expectativa é que vai haver crescimento (do emprego) em agosto - disse o ministro, citando as contratações para o Natal.
A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, minimizou o resultado do Caged, disse que não saberia explicar o motivo da menor geração de vagas, mas afirmou que a criação de empregos no Brasil é motivo de orgulho.
- Se fizermos qualquer comparativo com qualquer outro país que está vivenciando a crise, o Brasil tem dado goleada - disse.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, que esteve no Palácio do Planalto reunido com os ministros do Trabalho, Manoel Dias, da Previdência, Garibaldi Alves, e da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que, se comparado a países em crise, o Brasil está em boa situação, mas ainda assim demonstrou preocupação:
- Preocupa, porque nós queremos, evidentemente, que se gere mais emprego sempre.
Já para o professor do Departamento de Economia da PUC-Rio, José Márcio Camargo, a tendência é que o país passe a gerar cada vez menos empregos. Ele lembrou que, desde julho de 2009, as contratações com carteira vêm se desacelerando. Segundo ele, a taxa de desemprego a ser divulgada pelo IBGE hoje deve voltar a subir.
Fonte: O Globo
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