Os últimos dias mostraram que a pré-campanha presidencial não está fácil para ninguém. Seja da ala do governo, seja da oposição. Obviamente, a situação mais delicada envolve a presidente da República, Dilma Rousseff, que tem a obrigação de mostrar serviço para segurar a faixa presidencial. O primeiro susto dos vetos, o governo passou com louvor, mas não há muito o que comemorar porque uma das grandes polêmicas, aquela que trata da multa de 10% sobre o FGTS, por exemplo, teve a votação adiada.
Paralelamente aos percalços no Congresso, Dilma tem os mesmos problemas dos demais. E suas dificuldades são conhecidas, mas vale relembrar: em São Paulo, o ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf, deseja concorrer ao governo, enquanto o PT tem Alexandre Padilha. Em Minas Gerais, uma grande parte dos peemedebistas acena com acordos em favor do PSDB. No Rio de Janeiro, a divisão é certa: Lindbergh Farias versus Luiz Fernando Pezão, do PMDB.
A sorte de Dilma é que a situação do PSDB também não é aquela alegria toda. Em Minas, o presidente do partido, senador Aécio Neves, pré-candidato a presidente da República, terá uma ampla maioria de votos, mas, em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, enfrentará problemas. Leia-se, o ex-governador José Serra.
Serra passou ontem por Brasília para levar sugestões ao financiamento da saúde e evitou comentários diretos sobre política e/ou prévias no partido. Aqueles tucanos que costumam conversar com ele identificam uma certa obstinação em torno de mais uma candidatura a presidente da República. As conversas reservadas do ex-governador e ex-ministro terminam invariavelmente com uma pergunta: “Você está comigo?”
Para bons entendedores, está claro que Serra deseja mesmo concorrer ao Planalto e, sem a certeza da prévia no ninho tucano, sonda seus amigos para ver quem seguiria com ele para outro partido. Diante da pergunta, muitos deputados têm dito que, quem pretende concorrer às eleições proporcionais, não pode mudar de partido assim. O senador Aloysio Nunes Ferreira, amigo de Serra de longa data, também não pretende deixar o PSDB e tem trabalhado para a legenda como um todo. Isso deixa Serra numa dificuldade: se for para o PPS, como parece que vai, não levará uma grande bancada.
Por falar em bancada…
Embora Serra não leve muitos tucanos com ele num projeto alternativo, o desconforto existe porque desvia a energia do partido nesse momento, evitando o que mais interessa aos tucanos agora: jogar no sentido de desgastar a imagem do governo. Há todo um contingente de aecistas, serristas e alckministas perdendo um tempo danado um contra o outro. E essa divisão em São Paulo, se resultar na saída de Serra do PSDB, pode terminar por tirar de Aécio votos importantes para lhe assegurar a vaga no segundo turno de 2014. E, com a pulverização, talvez nem o próprio Serra tenha votos suficientes para garantir o lugar na etapa final. Ou seja, pela primeira vez em 12 anos, o PSDB corre o sério risco de se dividir ao ponto de inviablizar sua ida ao segundo turno.
Esse fator preocupa os tucanos e alegra o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Mas não o suficiente para comemorações. Eduardo tem encontrado dificuldades em organizar seu jogo nos estados. Não é à toa que ele percorre o país, buscando palanques. Na semana que vem, irá a Santa Catarina e ao Rio Grande do Sul. Em 15 estados, os socialistas se mostram dispostos a abrir mão de concorrer aos governos locais e apoiar outros partidos em troca de um lugar para Eduardo Campos no palanque do candidato a governador. O mapa está em fase inicial de montagem.
Enquanto isso, na Justiça Eleitoral…
Além desses quatro pré-candidatos, Dilma, Aécio, Serra e Eduardo, não dá para deixar de mencionar Marina Silva, da Rede. Ela é a única que até agora não tem sequer partido. A aposta de muitos é a de que conseguirá na undécima hora, ou seja, em 4 de outubro. Ontem, ela recebeu a má notícia de suspeita de fraudes em assinaturas de apoio à fundação da Rede. A vida de Marina, como as dos demais, não está fácil.
E o STF, hein?
Finalmente, uma sessão cercada de gentilezas. O julgamento dos embargos do mensalão volta ao eixo. Pelo menos, até a próxima briga.
Fonte: Correio Braziliense
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