quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Vagas encolhem nas regiões metropolitanas

Pela primeira vez desde 2003, cai o número de postos com carteira assinada num mês de julho nas áreas das capitais

Em todo o país, setor que mais contribuiu para o emprego foi a agricultura, com 18,1 mil novos postos

Mariana Schreiber

BRASÍLIA - O crescimento fraco e o aumento do pessimismo entre empresários e consumidores bateu no mercado de trabalho das grande cidades. Pela primeira vez desde 2003, foi registrado num mês de julho fechamento de vagas formais nas nove regiões metropolitanas do país.

Com isso, o resultado total do país foi a geração de apenas 41,5 mil postos com carteira assinada, também o pior resultado para julho em dez anos.

Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), foram fechadas 13.334 vagas em Salvador, Belo Horizonte, Recife, Curitiba, Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo e cidades no entorno dessas capitais. O pior resultado foi em Recife: menos 5.200 vagas.

Belém e Fortaleza foram as únicas que abriram novos postos (2.276). Nas nove regiões, o saldo foi negativo, com o fim de 11.058 vagas.

Em todo o país, o setor que mais contribuiu para o crescimento do emprego no mês passado foi a agricultura (18,1 mil novos postos). Ainda assim, houve uma queda de 24% nas contratações em relação a um ano antes.

Já nos demais setores, a queda chegou a 93% no comércio, 80% na construção civil e 71% em indústria e serviços, sobre julho de 2012.

Na avaliação do diretor do departamento de emprego e salário do Ministério do Trabalho, Rodolfo Torelly, o emprego nas grandes cidades sofre mais influência da crise externa do que o resto do país porque concentra mais investimentos estrangeiros.

O economista da PUC-Rio José Márcio Camargo discorda. Ele considera que a agricultura é o setor brasileiro mais competitivo, mas os demais estão sendo impactados pela inflação alta e pela incerteza sobre a política econômica, o que reduz os investimentos. "A geração de emprego está em queda desde janeiro de 2010. Agora, chegamos a um resultado como havia muito não se via."

Com o resultado de julho, a geração de vagas no acumulado do ano ficou em 907,2 mil, pior resultado para o período desde 2009. Nos sete meses, foram fechadas 8.600 vagas no Nordeste. As demais regiões geraram empregos, mas em ritmo menor.

Para a economista Monica Baumgarten de Bolle, da Galanto Consultoria, o resultado de julho não deixa dúvida de que o mercado de trabalho "dará uma bela piorada". O desempenho ruim no setor de serviços e comércios é o principal indicador disso.

A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) afirmou que o desaquecimento do mercado formal de empregos deve comprometer o crescimento das vendas no varejo para este ano.

A projeção de Camargo é que a taxa de desemprego terminará o ano em torno de 5,5%, acima de 2012, quando fechou em 4,6%.

Essa taxa, medida pelo IBGE, acompanha o mercado de trabalho formal e informal nas seis maiores regiões metropolitanas do país. O resultado de julho, que será divulgado hoje, deve refletir o cenário apontado pelo Caged.

Fonte: Folha de S. Paulo

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