Joaquim Falcão
Pouco a pouco vão se fechando as diversas portas que colocam o episódio do mensalão na pauta do debate público. Quais?
Recentemente, o Banco Central resolveu por diversas e acumuladas razões liquidar o Banco Rural, isto é, decretar a sua falência. A vinculação do Banco Rural ao mensalão e ao governo do PT ficou clara para a opinião pública. Quanto mais o Banco Rural se envolvesse em problemas financeiros que iam além disso, mais a associação Banco Rural-mensalão seria revivida na opinião pública.
O mesmo ocorreu no TSE esta semana. O PT desistiu de seu recurso contra a aprovação com ressalvas de suas contas apresentadas em 2003 e julgadas em 2010. Por que o PT muda de posição anos depois?
Apesar de a ministra Cármen Lúcia ter reiterado que na análise das contas não constavam questões sobre o mensalão, o simples fato de o PT deixar em aberto esta questão no TSE, sem saber qual seria a decisão final, era, sem dúvida, um risco político maior do que pagar os R$ 179 mil. Entre deixar em aberto sua prestação de contas, com o risco de ter as provas do mensalão ali incorporadas e assumir a dívida com o erário e o fundo partidário, melhor essa do que aquela opção.
Defender os réus até o fim não ofende o interesse público. Faz parte da democracia. Mas o episódio do mensalão é, ao mesmo tempo, jurídico, ético e politico. Com consequências na comunicação política.
Cada dia que o Supremo passa julgando a AP 470, mais o julgamento se aproxima do ano eleitoral. Mais tempo fica na memória das pessoas. A quem interessa manter o risco do mensalão aberto até as eleições? A quem interessa ter o mensalão tão perto das campanhas eleitorais? É legítimo esse interesse? Influenciará o mensalão nas escolhas dos candidatos, nos programas dos partidos e no voto dos eleitores?
Fonte: O Globo
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