Ricardo Lewandowski perdeu mais uma vez na contagem dos votos, mas recebeu um desagravo dos colegas. Joaquim Barbosa ganhou de novo no resultado, mas teve de ouvir críticas ao seu destempero da semana passada. No fim, ninguém saiu ganhando.
Só votaram com Lewandowski pelo abrandamento da pena do ex-deputado Bispo Rodrigues o já esperado Dias Toffoli e o sempre inesperado Marco Aurélio. O placar foi de 8 a 3, o que afeta também os recursos de Dirceu, Genoino e Delúbio.
Do outro lado, os arroubos de Joaquim, que acusou Lewandowski de fazer "chicana", não passaram em branco. O decano, Celso de Mello, disse que o embate entre os dois supera a esfera pessoal "para se projetar em uma dimensão eminentemente institucional". Ou seja: afeta não um ou outro ministro, mas a instituição.
Além de ressaltar o óbvio direito de todos os ministros de se manifestarem, defendeu o respeito ao dissenso, às posições minoritárias, ao voto vencido, que não são "espírito isolado". Uma clara recriminação a Joaquim, uma evidente manifestação de solidariedade a Lewandowski.
Joaquim, porém, é Joaquim. Não pediu desculpas nem deu o braço a torcer, limitando-se a proclamar respeito à corte e aos ministros e a dizer que longe dele querer cercear a livre manifestação dos colegas.
Aproveitou para falar aos ouvidos populares: "Justiça que tarda não é Justiça", tem de ser "célere, transparente, sem delongas", e é preciso "prestar contas à sociedade brasileira, que paga nossos salários".
Numa espécie de tréplica, ele deu nova cutucada depois de Lewandowski agradecer a solidariedade de editoriais, de colunas e de associações da área jurídica e dar o episódio como ultrapassado. Joaquim ouviu e tascou: "Não vejo a presidência como eco de vontades corporativas".
Conclusão: as penas continuam as mesmas, mas a guerra entre Joaquim e Lewandowski continua.
Fonte: Folha de S. Paulo
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