Tucano disse que, a depender das condições das prévias no PSDB, pode tentar a Presidência
Serra admite ser candidato à Presidência
Ex-ministro aceita disputar prévias do PSDB com Aécio se condições forem iguais e participação, ampla
Maria Lima, Gustavo Uribe e Silvia Amorim
BRASÍLIA e SÃO PAULO - Desafiado pelo presidente nacional do PSDB e pré-candidato a presidente, Aécio Neves (MG), a se posicionar sobre suas pretensões para 2014, o ex-ministro José Serra disse ontem em Brasília que pode disputar as prévias para escolha do candidato do partido, mas precisa antes conhecer as regras para esta eventual disputa. A resposta de Serra foi dada um dia depois de Aécio anunciar que aceita as prévias, numa estratégia para forçá-lo a dizer se brigará para ser candidato no PSDB ou se deixará o partido para disputar por outra legenda.
Serra disse que ficou sabendo pelos jornais da proposta de Aécio e que não tinha conhecimento de que o senador mineiro apoiava a consulta interna. E insinuou ainda que, dependendo das regras adotadas, o presidente do partido pode ter condições privilegiadas na disputa:
- Embora ele seja candidato, ele está falando como presidente do partido. Nesse sentido, eu gostaria de saber quais são as condições dessas prévias: me refiro à abrangência, número de pessoas, tipo de participação, qual a taxa democrática, prazos, condições de competitividade que, evidentemente, deveriam ser iguais entre todos. Esclarecido isso, é possível que eu seja candidato à Presidência da República. O senador Álvaro Dias pode também se inscrever de acordo com as regras que sejam propostas.
Alfinetando o mineiro, Serra sinalizou que está entrando na briga para valer e disse que é preciso saber se as regras não serão uma simulação de consulta:
- Não cabe a mim agora falar de regras. No momento, eu não entro nesse debate. O Aécio falou como presidente do partido. Ele tem essa dupla condição. Então, cabe explicitar as ideias e as propostas de maneira precisa. Certamente vão ser propostas boas, não vão ser propostas restritivas só para parecer que está simulando uma consulta.
Serra foi a Brasília, oficialmente, para encaminhar à bancada tucana uma proposta de aumento de vinculação de recursos da União à Saúde. A reunião foi no gabinete do líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP). O gabinete fica a poucos metros do plenário, onde Aécio estava votando. Avisado da presença do ex-ministro, Aécio primeiro foi direto para seu gabinete. Mas, logo em seguida, retornou e, de surpresa, apareceu na reunião de Serra. Ficou menos de cinco minutos e o "abraço" sequer foi registrado em fotos.
Perguntado se tinha cobrado de Serra uma resposta sobre as prévias, Aécio disse que foi apenas dar um abraço:
- Já falei o que tinha de falar sobre isso, agora vou trabalhar, cuidar da vida.
Assediado pelo PPS, Serra tem negociado com o presidente do partido, Roberto Freire(SP), mas até agora não tinha dado uma resposta ao PSDB se sai ou fica. Desde a última pesquisa Datafolha, em que aparece num dos cenários com 14% das intenções de votos, o grupo político de Serra, principalmente do diretório de São Paulo, tem se manifestado a favor das prévias.
A discussão em torno do modelo de prévias para a escolha do candidato do PSDB tem oposto novamente tucanos paulistas e mineiros. Os aliados de Aécio Neves defendem que a consulta tenha a participação apenas daqueles com direito a voto na Convenção Nacional. Os aliados de Serra são favoráveis à participação de todos os filiados à legenda.
Ao aumentar o leque de eleitores, a estratégia dos serristas é neutralizar o favoritismo de Aécio entre as lideranças da sigla. Ontem, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, deu mais força ao pleito de Serra e defendeu que a consulta seja a mais ampla possível:
-Eu entendo que quanto mais for ampliada a consulta, melhor. Aquele que for escolhido por uma prévia, tem mais legitimidade e une mais o partido.
A avaliação do comando tucano é que o partido não está preparado para fazer uma consulta com todos os filiados a tempo para o pleito nacional. A estimativa é de que a legenda tenha hoje 1,3 milhão de filiados e 1,5 mil convencionais, que incluem delegados, vereadores, prefeitos, deputados, senadores, entre outros.
Fonte: O Globo
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