Pela 1ª vez, tucano admite que pode concorrer à Presidência pelo partido
Após Aécio defender consulta interna, ex-governador diz que é preciso saber 'regras e prazos' da disputa
Ranier Bragon e Paulo Gama
BRASÍLIA e SÃO PAULO - Um dia depois de o presidenciável tucano Aécio Neves (MG) dizer que aceita realizar prévias para escolher o candidato do PSDB ao Planalto, o ex-governador José Serra (SP), seu rival no partido, afirmou que poderia aceitar participar da disputa partidária desde que conhecesse as regras e que elas garantissem "igualdade de condições".
Ressaltando que Aécio falou sobre as prévias na condição de "candidato e de presidente nacional" da sigla, Serra disse que precisa também saber quem serão os eleitores da disputa interna e os e prazos antes de anunciar sua decisão de participar.
"Ele [Aécio] falou como candidato, mas na condição de presidente do partido. Então seria interessante saber quais são as condições dessas prévias, a abrangência, os prazos e as condições de competitividade, que evidentemente deveriam ser iguais entre todos", afirmou Serra.
Apesar de ele não ter defendido isso, a ideia de igualdade de condições pressupõe, entre outras coisas, o afastamento do mineiro da presidência nacional da sigla.
O ex-governador esteve ontem em uma reunião no Senado. Aécio chegou a entrar na sala, onde ficou por poucos minutos e saiu em seguida, sem falar à imprensa. Segundo relatos, os dois se cumprimentaram rapidamente e não falaram sobre prévias.
"Uma vez esclarecidos esses pontos [as condições que enumerou], alguns poderão tomar a decisão de participar ou não. Eu próprio, é possível que seja candidato a presidente [...], de acordo com as regras propostas, então é preciso conhecer essas regras", afirmou Serra aos jornalistas.
Embora a movimentação seja intensa nos bastidores, foi a primeira vez que ele declarou a possibilidade de disputar o Planalto em 2014.
Ao anunciar que aceita disputar prévias, Aécio queria derrubar eventual justificativa de Serra para deixar o partido e disputar a Presidência por outra sigla, o que ele vem cogitando há alguns meses.
A entrada do ex-governador na disputa pelo Planalto é vista pelos aliados de Aécio como prejudicial às pretensões do mineiro. A colocação de condições por Serra para participar das prévias é o contra-ataque a essa articulação --o paulista ganha novamente o poder de argumentar, caso deixe o PSDB, que as condições propostas não permitiriam igualdade nas prévias.
Serra já concorreu ao Planalto em 2002 e 2010. Nas duas vezes, aliados dele reclamaram da falta de empenho de Aécio na campanha pelo colega. Hoje, o mineiro controla a máquina partidária e é favorito para ser o nome tucano em 2014. Segundo o Datafolha, Serra tem a preferência de 15% do eleitorado em seu melhor cenário. Aécio, 13%.
Primárias
Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), defendeu a realização de prévias com o "formato mais aberto" em relação a quem vai votar --aliados de Serra calculam que, quanto maior o colégio eleitoral, melhor para ele.
Alckmin lembrou as primárias que escolheram o candidato democrata à Presidência dos EUA em 2008. "Hillary Clinton já estava praticamente escolhida. No entanto, o Obama foi uma revelação."
Fonte: Folha de S. Paulo
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