Datafolha mostra eleitorado dividido quanto à culpa e à candidatura de Lula, o que desacredita teses petistas sobre levantes populares
Rebelião cidadã, desobediência civil, tropa nas ruas: assim respondem algumas lideranças petistas à perspectiva, fundamentada em condenação judicial, de extinguir-se a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República e à eventualidade de sua prisão.
Ficaram conhecidas as vocalizações dos senadores Lindbergh Farias (RJ) e Gleisi Hoffmann (PR), que já se disseram prontos para um enfrentamento, durante o qual, segundo a parlamentar paranaense, poderia ocorrer até derramamento de sangue.
Outros representantes extremados do lulismo agregam-se à arriscada aposta. O senador Humberto Costa (PE), com ares de observador distante, pondera que seriam imprevisíveis as consequências de uma prisão de Lula, acrescentando que não pagaria para ver.
Há vozes mais prudentes no PT, por certo. Terão sido temperadas pela desilusão, afinal de contas previsível, advinda do insucesso que se experimentou por ocasião dos movimentos de rua em favor de Dilma Rousseff e pela renúncia do presidente Michel Temer (MDB)
Evidentemente, Dilma não é Lula, e a popularidade do ex-presidente nas pesquisas eleitorais persiste. Não houve maior abalo, segundo o Datafolha, no favoritismo do petista com a decisão da Justiça.
Outra pesquisa do instituto aponta, contudo, para o quanto de fantasioso há nas intenções de insurgência que se anunciam.
Para uma curta maioria dos entrevistados (51%), Lula deve ser impedido de disputar a eleição presidencial; são 53% os que expressam o desejo de vê-lo preso.
É praticamente idêntica a quantidade dos brasileiros que consideraram justa sua condenação (50%), elevando-se a 54% a proporção dos que acreditam que o ex-presidente conhecia os desvios de verbas em seu governo.
Não se trata, é certo, de opinião a desfrutar da mesma unanimidade que marcou o julgamento do TRF. Este foi injusto para 43%, porcentagem similar à dos que não querem a prisão do ex-presidente.
A divisão, em assunto tão aberto às interpretações jurídicas e à propaganda política, não é de espantar. Parece duvidoso, de qualquer modo, que um contingente se levante contra o que, segundo os petistas, configurou-se como uma condenação sem provas e motivada pelo ódio das elites.
Lula se relacionou muito bem, aliás, com as ditas elites quando se tratava de negociar vantagens na administração federal. Talvez os executivos de empreiteiras e o vasto plantel de políticos fisiológicos a seu serviço possam também ser convocados, portanto, para engrossar a rebelião anunciada.
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