Presidente do diretório do Rio afirma que o PT corre o risco de transformar sua ‘bomba nuclear’ em um ‘artefato inativo eleitoralmente’
Ricardo Galhardo / O Estado de S. Paulo.
O presidente do diretório estadual do PT do Rio, Washington Quaquá, ex-prefeito de Maricá (RJ), quebrou o silêncio que imperava no PT sobre a possibilidade de um substituto para Luiz Inácio Lula da Silva, o chamado “plano B”, caso o ex-presidente seja enquadrado na Lei da Ficha Limpa e fique impedido de disputar a Presidência.
A iniciativa contraria decisão do partido de formalização da pré-candidatura do petista tomada um dia após Lula ter condenação confirmada pela Justiça da segunda instância por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP).
Em texto intitulado “Permita-me discordar!”, postado na página oficial do PT-RJ no Facebook, Quaquá propõe que o PT mantenha a candidatura de Lula até o limite legal – conforme já foi aprovado e divulgado amplamente pelo partido –, mas discuta abertamente o “plano B”. Para esse posto, sugere “um petista amplo e com experiência de governo, sem sectarismo, que seja seu companheiro de chapa e substituto em caso de violência institucional do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)” .
Segundo Quaquá, ao insistir em não apontar uma alternativa a Lula, o PT corre risco de transformar sua “bomba nuclear” em um “artefato inativo eleitoralmente”.
“Sinceramente, precisamos discutir muito bem o que é esse negocio de não ter ‘plano B’. Lula tem que ser inscrito nosso candidato mesmo com a condenação e mesmo preso! Mas temos sim que ter um petista na chapa, como vice, desde já que sinalize pro Brasil e pro meio político qual o caminho vamos seguir caso façam uma violência maior e desmedida! Lula tem que dizer para o Brasil e para o povo! Eu sou ‘fulano’ e fulano sou ‘eu’. Querem me fazer uma violência para acabar com os direitos do povo! Se fizerem, eu estarei representado por "Fulano" e vocês vão ser meus guardiões votando nele e nos nossos deputados, senadores e governadores”, escreveu.
O texto teve repercussão negativa no PT. Dirigentes ficaram irritados com a postagem de Quaquá justamente no momento em que o partido tenta reafirmar a aposta em Lula e pode prejudicar negociações nos estados. Segundo petistas, a opinião de Quaquá reflete a posição de um setor minoritário da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), a maior do PT, da qual faz parte o próprio Lula.
De acordo com ele, o discurso radical em defesa de Lula adotado pela cúpula partidária pode levar à desmoralização do PT se não houver o apoio popular nas ruas esperado pelo partido.
“O discurso esteticamente radical nosso não vai nos levar a nada. Esse discurso estreito de incitar um movimento de massas sem massa terá efeito desmoralizante! Uma revolução sem exército popular não é revolução é blefe!”, escreveu.
No início da noite a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, reiterou em uma rede social que “o PT não tem plano B! Lula é e será nosso candidato”.
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