Por Fernando Taquari | Valor Econômico
SÃO PAULO - Um grupo de aliados do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), passou a defender nos últimos dias a filiação ao PSDB do vice-governador Márcio França (PSB). A movimentação, ainda restrita a conversas de bastidores, atende aos apelos de Alckmin, pré-candidato à Presidência da República, por um palanque único no Estado.
A articulação, no entanto, não tem ainda o sinal verde do governador. A possível filiação foi uma forma encontrada por tucanos próximos ao presidenciável para evitar uma divisão na base do governo durante a campanha eleitoral, já que nem o vice e nem a maioria do PSDB abrem mão de encabeçar a chapa na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.
Até o momento não houve convite oficial. França, que assumirá o governo estadual em abril, com a desincompatibilização de Alckmin, disse por meio de sua assessoria que a filiação ao PSDB não passa de "boato". Dirigentes do PSB consideram a hipótese remota. Lembram que o vice-governador nunca teve outro partido em sua trajetória política.
Além disso, ressaltam que França dificilmente abandonaria a legenda onde construiu sua história para disputar uma prévia no PSDB sem a garantia de ser o candidato tucano na sucessão estadual. Conforme uma liderança pessebista, não há mais tempo para esse tipo de costura em um partido como o PSDB, marcado pelas divisões internas.
Já os tucanos que não estão envolvidos nas conversas enxergaram a movimentação como um "balão de ensaio" criado por França para "enquadrar" o PSDB e "protagonizar a cena". Um eventual acordo em São Paulo entre as duas siglas deve ter repercussão no cenário nacional, onde Alckmin trabalha pelo apoio do PSB à sua candidatura.
Neste caso, porém, a filiação de França poderia enterrar de vez os planos do presidenciável tucano de ter o PSB em sua coligação. A articulação também tem potencial para criar um novo embate no PSDB, uma vez que algumas lideranças da sigla estão fechadas com a candidatura do prefeito paulistano, João Doria, ao governo do Estado.
Por ora, aliados do prefeito afirmam que não há problema na filiação de França ao partido. Exigem apenas a participação do vice-governador nas prévias, onde apostam em uma vitória tranquila de Doria, cujo o apoio no PSDB deve ser medido na quinta-feira, quando ele receberá 20 prefeitos tucanos que governam as maiores cidades do Estado.
Organizado pelo prefeito de São Bernardo do Campos, Orlando Morando, o encontro tem como objetivo consolidar a pré-candidatura do prefeito, que já tratou do assunto com a bancada estadual e deve reunir-se com bancada federal em meados de fevereiro. O PSDB paulista se reúne no dia 19 para definir as regras da prévia.
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