- Blog do Noblat / Metrópoles
Vem aí a terceira onda da doença, enquanto
o presidente da República não perde uma única chance de politizar a pandemia
No momento em que o mais recente boletim
semanal da Fundação Oswaldo Cruz informa que o Brasil está às portas da
terceira onda da Covid-19, o presidente Jair
Bolsonaro, em conversa com devotos nos jardins do Palácio da Alvorada,
disse assim, sem que ninguém lhe tivesse perguntado, e depois gargalhou muito,
sozinho:
“A primeira dose foi em 18, a segunda dose vai
ser em 22”.
Naturalmente, quis referir-se à sua eleição
em 2018 e à sua possível reeleição no ano que vem, derrotando a oposição que,
segundo pensa, faria tanto mal ao país como a Covid faz. Mas o que afirmou
serve para reforçar os sinais de que a aplicação da segunda dose de vacina no
Brasil só terminará em 2022.
Faz todo sentido. O país teria sido o primeiro do mundo a começar a vacinação em massa se o governo tivesse se apressado em comprar o imunizante. Teve várias chances para isso, mas não quis. Agora, ele corre atrás de vacinas quando elas escasseiam com a procura crescente de outros governos mais responsáveis.
As duas doses da vacina contra a Covid-19
foram aplicadas em apenas 10,37% da população brasileira até esta sexta-feira,
dia 28. A Advocacia-Geral da União entrou com uma ação no Supremo
Tribunal Federal para acabar com medidas de isolamento adotadas pelos
governos do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraná.
A ação será rejeitada, e isso servirá para reforçar o falso argumento usado por Bolsonaro de que está impedido pela justiça de lutar, a seu modo, contra a pandemia. Que modo? Dando preferência à volta ao trabalho para salvar a economia em detrimento da salvação de vidas. É o que a ele de fato importa.
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