Não canso de repetir que a agenda real de interesse da sociedade brasileira se concentra, neste momento, em vacina, emprego e renda.
Entretanto, gostemos ou não, o processo
sucessório da Presidência da República de outubro de 2022 precipitou-se de
forma inédita. Na verdade, na sociedade contemporânea “on line”, conectada
pelas redes sociais, onde a geração de informações se dá em ritmo frenético, a
disputa política se dá em tempo real, todos os dias, o tempo todo. Bolsonaro,
Lula, Ciro Gomes já estão abertamente em campanha.
Mas, há uma lacuna. Quem será o representante na disputa do chamado polo democrático do centro político do quadro partidário brasileiro, um espectro que envolve forças que vão da centro-direita à centro esquerda? Afinal, como dizia Ulysses Guimarães e gosta de acentuar o presidente FHC, há uma hora em que o conjunto de ideias que inspiram um projeto político tem que ser encarnado em um líder, ou seja, “tem que ser fulanizado”. Nossa tradição política se dá predominantemente em torno de personagens, ao contrário, por exemplo, do parlamentarismo europeu.
No campo do polo democrático há nomes
expressivos e as pesquisas indicam que existe um amplo espaço para um candidato
que represente equilíbrio, serenidade, diálogo, capacidade de gestão.
No PSDB despontam três grandes nomes: o
governador do Eduardo Leite, jovem liderança extremamente talentoso e com grande
capacidade de governo; o governador de São Paulo, determinado e dinâmico
gestor, responsável pela ousada aposta na produção da vacina contra a COVID-19,
João Dória; e, o experiente ex-governador do Ceará por três vezes, onde
revolucionou as políticas públicas daquele estado, e respeitado senador, Tasso
Jereissati. Além deles, temos no DEM, aliado histórico, dois excelentes nomes,
o ex-ministro da saúde, Henrique Mandetta, e o atual presidente do Senado
Federal, Rodrigo Pacheco. O apresentador de TV, Luciano Huck, que tem grande
vocação pública, sinaliza que participará intensamente, mas não como candidato.
O PSDB tomou decisão ousada e inovadora de
escolher seu candidato através de prévias partidárias, que se darão em novembro
deste ano.
As prévias do PSDB terão três grandes
objetivos: expor pré-candidatos nos debates e elevar seus níveis de
conhecimento nacional; solidificar a unidade partidária; e, iniciar a
construção de um projeto para o futuro do país.
O PSDB foi protagonista em todas as
eleições presidenciais de 1989 a 2014. A última eleição, em 2018, foi totalmente
atípica e teve caráter disruptivo, com uma avassaladora onda de renovação
contra o quadro político tradicional que sustentou a história da Nova
República.
Com o fracasso de várias lideranças
estaduais que se elegeram sob o signo da pretensa “nova política” e com o
turbulento quadro produzido pelas permanentes tensões no governo de federal,
acredito que a maioria da sociedade revalorizará atributos como experiência,
competência, serenidade, capacidade de diálogo e liderança política.
O PSDB, com as prévias, atravessará seu
Rubicão, e poderá fazer suas as palavras de Júlio César: “Alea jacta esta” (“A
sorte está lançada”). Continuará a dialogar com os potenciais aliados e
contribuirá para a construção de uma alternativa forte ao radicalismo extremo,
longe das polarizações inúteis e da intolerância reinante.
*Marcus Pestana, ex-deputado federal
(PSDB-MG)
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