Folha de S. Paulo
As pegadas da grana até os porões do 'vacinagate'
Uma expressão em inglês, significando o
melhor caminho que se deve tomar para chegar à verdade, passou a ser citada em
11 entre 10 comentários políticos. “Follow the money” (siga o dinheiro) ganhou
popularidade no filme “Todos os Homens do Presidente”, que reconstitui a
investigação jornalística do caso Watergate até
a renúncia de Richard Nixon. O conselho sugere que, num esquema de corrupção, a
grana deixa pegadas que conduzem aos porões do poder, seja em Washington ou em
Brasília.
A frase está na ordem do dia da CPI
da Covid —que
encontrou um trilho de sujeira levando à compra da Covaxin— e pode explicar as
ações do governo e de quem gravita em torno dele só para se dar bem. Quem são
os homens de Bolsonaro?
Siga o cascalho e você encontrará um empresário vestido de verde e amarelo cujas lojas têm o custo maior que o faturamento. Um milagre econômico que dispensa sócios e investidores e, segundo a Abin, possui uma “fonte oculta de recursos”. Siga a gaita e você baterá na porta da Precisa, que fez um acordo para faturar R$ 1,6 bilhão com o rolo da vacina.
Siga o tutu e você entenderá por que
o presidente
da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, está sentado em cima de mais de 130
pedidos de impeachment contra Bolsonaro, e por que ele acha (acha ou torce?)
que a comissão encarregada de investigar o enfrentamento da pandemia não dará
em nada. Siga o arame e você saberá por que é mais importante para Lira
negociar um orçamento secreto, aprovar reformas para lá de polêmicas e
privatizar a Eletrobras, com a conta de luz ficando mais cara.
Siga o dindim e você descobrirá por que o
deputado federal Ricardo Barros conseguiu ser líder na Câmara no mandato de
FHC, vice-líder nos de Lula e Dilma, ministro de Temer e é o atual líder do
governo Bolsonaro. Segundo os irmãos Miranda, o presidente sabia da ligação de
Barros com o vacinagate —e deixou rolar.
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