O Estado de S. Paulo
Mundo real se impõe para o governo Lula em 2024 após acabarem os R$ 150 bilhões oferecidos pela PEC da Transição
No Brasil, todo mundo quer equilíbrio fiscal
e justiça tributária; desde que cortado seja o benefício do outro. A conta não
fecha.
Assim como jamais fecharia a conta do
arcabouço fiscal de Haddad.
Não sem uma PEC da Transição permanente. O mundo real se impôs em 2024, zerados
os R$ 150 bilhões que lhe permitiram enganar como rigoroso comprometido até com
superávit.
O plano era (é ainda) torcer por bonança
externa, pedalar (fabricando dinheiros) por voo de galinha até 26, então cuspir
uma PEC Kamikaze para financiar a tentativa de reeleição –
e empurrar a pancada para 27.
O chão encurtou. (Nem Juscelino Filho pavimentaria.) As despesas – a constante do natimorto fiscal – crescem e crescem, os recursos para aumento de arrecadação vão saturados e as possibilidades de revisão de gastos tributários, escassas. O lobby é tão forte que fez Pacheco valente. O vencedor de 23, Haddad, de repente aflito, anunciando “revisão ampla e geral” de despesas. Não estava no plano.
Foi o PT, sob Dilma 1, que inventou essa
desoneração da folha de pagamentos. Outra conta que não fecharia. E agora Dilma
3 rebolando para lhe tapar o buraco. Tudo sem convicção e na correria. Para
remediar a sangria do calabouço fiscal, que arrombou a porteira das despesas.
Não será suficiente. O cobertor é curto. A agonia, larga. E, no desespero, a
repetição dos erros.
Para neutralizar o gasto tributário com as
desonerações, a proposta de limitação de outro gasto tributário – o dos usos
dos créditos do PIS/Cofins para compensações cruzadas. É preciso mesmo
enfrentar essas reservas. Enfrentamento disparado no improviso, de novo via
medida provisória, sem atividade política, à margem da Constituição – e, para
juntar impacto inflacionário à insegurança jurídica, com a mão pesada da
Receita Federal na forja da mordida. Donde a coragem fácil de Pacheco. A conta
não fecha.
Agora – diz-se – Haddad mostrará a Lula
cardápio com opções para cortes de despesas. Em ano eleitoral. O menu elencaria
alternativas de desindexação de gastos.
No caso dos pisos de Saúde e Educação, que
sobem atrelados à receita, rever-lhes as vinculações deteria um dos
transbordamentos que o arcabouço fiscal contratou. Despesas obrigatórias que
crescem conforme o crescimento da arrecadação. O crescimento da arrecadação
sendo o instrumento do arcabouço para rebater o aumento das despesas. O ciclo
da asfixia. E houve quem elogiasse o troço. Alguém envergonhado?
A ministra clandestina Tebet,
do Ministério do Planejamento na Clandestinidade, deu entrevista ao Globo. Qual
o apoio do presidente ao corte de gastos?
“Não sei, porque nem ele sabe o trabalho que nós estamos fazendo”.
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