O Estado de S. Paulo
O crescimento do ano, mais uma vez, decorrerá da vitalidade do setor de recursos naturais
Este é o quadro da economia brasileira
expresso nos dados do PIB, recentemente divulgados. Em relação a 2024, o País
cresceu nos primeiros seis meses 2,5%, mas com uma clara desaceleração na
ponta. Ao contrário dos dois anos anteriores, o desempenho do País será em
linha com o que foi projetado no início do ano, algo entre 2% e 2,2%, e não
maior.
Naturalmente, isto é o resultado de uma política monetária bastante restritiva que vem desde o ano passado e que se tornou necessária após uma relevante expansão da inflação.
Esta, por sua vez, começou a apontar para um
movimento em direção às metas nas últimas semanas, também resultado da grande
safra agrícola que colhemos neste exercício, que levou a uma queda apreciável
da inflação de alimentos. A forte depreciação do dólar frente aos parceiros
comerciais, o que incluiu o real, completou o quadro. Esta depreciação é um
fruto direto das estripulias da política econômica dos Estados Unidos.
O crescimento do ano, mais uma vez, decorrerá
da vitalidade do setor de recursos naturais: no semestre passado a agropecuária
cresceu 10,1% e o grupo do petróleo e minérios, 5,4%. Nos serviços, o dado
positivo, mais uma vez, é o segmento de informação e comunicação com um sólido
6,7%. Infelizmente, a indústria de transformação e a construção civil caminham
de forma bem mais lenta.
Do lado da demanda, o consumo expandiu 2,2% e
o investimento, 6,6%, sendo que este último contou com a participação crescente
de equipamentos importados. É importante destacar que o tarifaço aplicado
recentemente pelo governo dos EUA pouco vai afetar nosso crescimento. Não só
boa parte das exportações ficaram isentas (petróleo e suco de laranja), como a
parcela das vendas para lá é hoje muito modesta, apenas 12% do total. Mais
ainda, mesmo que as tarifas sejam mantidas, muitos produtos acabarão sendo
encaminhados para terceiros mercados.
Naturalmente, o País e as empresas devem continuar
a tentar reverter as tarifas, tanto quanto redobrar os esforços para novos
acordos comerciais com outros países e regiões, como é o caso da Europa.
Olhando também por este lado, nosso crescimento será modesto, mas resiliente.
Coisa mais ambiciosa fica para quando a questão fiscal for tratada como
restrição central a impedir um desenvolvimento mais acelerado e sustentável.
Delírio e insensatez. Apenas isto descreve o
movimento na Câmara, propondo projeto que habilitaria doutos parlamentares a
destituir diretores do Banco Central.
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