Em 2006, a economia brasileira era 20% maior do que a da Índia e, em 2025, representava 60 % desta mesma economia. No mesmo período, o Brasil representava 40% da economia da China e, hoje, pouco mais de 10%. Isso se explica pela ausência de investimentos relevantes nas áreas da infraestrutura e da Educação. E nada talvez denuncie mais a ausência de um projeto de nação do que estes dois fatores.
Entre 1985-2022, o rendimento real do trabalhador aumentou em média 0,4% ao ano, enquanto a produtividade do trabalho (produção por hora trabalhada) cresceu em média 1,9% ao ano. Difícil falar em distribuição de renda diante de um dado destes.
A desigualdade social praticamente não tem recuado no país: a renda do setor 1% mais rico da população equivale a 30 vezes mais àquela dos 50% mais pobres, cavando um fosso até aqui intransponível. E esta desigualdade também se expressa em termos regionais e de cor de pele.
Daí ser sempre importante realizar balanços. Enfrentar os problemas – e, para tal, precisamos do conhecimento histórico. Afinal, não podemos eliminar a História, apagar seus traços, positivos ou negativos. A História (e com ela seus problemas) pode ser superada, mas nunca suprimida. Não se trata de projetar o presente sobre o passado. Como também não se trata de aceitar tudo a respeito deste mesmo passado. O que importa é entender as forças atuando no tabuleiro deste mesmo passado e optar por aquelas que mais correspondiam à marcha da História. "Não meças o passado pelo presente", já observava Luís de Camões. Detectar, em suma, no passado, qual o máximo de consciência possível em jogo e, a partir daí, elaborar um projeto de mudança para o tempo presente.
*Ivan Alves Filho, historiador.
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