Folha de S. Paulo
Quanto mais insiste na ilusão de ser
candidato, menos chance o ex-presidente tem de impor um nome
A direita está inquieta e cheia de cobras
criadas que não querem perder terreno por causa de indecisões
Apesar da presença de novatos e de
amalucados, a direita está cheia de cobras criadas. E estas, depois de militar
na meia-sombra e atuar como linha auxiliar dos governos pós-redemocratização,
estão vendo a oportunidade de assumir o poder.
Chance que não estão dispostas a deixar que se esvaia desde já, nos malefícios do bolsonarismo. Melhoria da popularidade de Lula (PT), entrega de discurso da defesa nacional ao presidente, divisões nas hostes direitistas e, sobretudo, o aprisionamento às decisões de Jair Bolsonaro (PL), são os males desse grupo.
Não vai demorar para que se sacramente a
perda de influência do ex-presidente na decisão sobre a candidatura
presidencial, que afeta os acertos regionais para as eleições de governadores e
de parlamentares.
A condição de mandante-mor do destino desse
campo já vem sendo esvaziada gradativamente à medida que o tempo passa e o
presidente da República ocupa todos os espaços da campanha antecipadamente
iniciada.
Se Bolsonaro mantém a ideia de repetir o Lula
de 2018, que mesmo preso registrou a candidatura até o mês anterior às
eleições, está isolado nessa ilusão. No meio das cobras não há quem compartilhe
dela.
O petista é há décadas líder inconteste da
esquerda, que se une em torno dele. Bolsonaro emergiu do baixo clero outro dia,
quando aqueles que se fingem de comandados para lhe abiscoitar o eleitorado
ainda davam seus bordejos na política, no papel de parceiros de quaisquer
campos desde que detivessem o poder.
Essa direita está inquieta, sinaliza isso e
não demora a perder a cerimônia. Em aberto, contudo, a questão sobre se dará
certo ou não e qual estratégia adotar, com que nome contar e se o
predileto, Tarcísio de
Freitas (Republicanos), é aquilo tudo mesmo o que se pensava ou
um neófito permeável ao cometimento de muitos erros políticos.
A presença de Bolsonaro em cena atende a dois
propósitos: os interesses da família e o presidente Lula, devido à encarnação
na extrema direita na útil função de contraponto.
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