Correio Braziliense
O foco na classe média foi
ampliado com o novo programa de reformas de moradias. E a segurança pública é
vista como prioridade para o governo resgatar a bandeira da ordem
O deputado Guilherme Boulos (PSol-SP) foi
anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar o lugar de
Marcio Macêdo, na Secretária-Geral da Presidência, e o atual advogado-geral da
União, Jorge Messias, deve ser indicado para a vaga de Luís Roberto Barroso no
Supremo Tribunal Federal (STF). Lula pretende efetivar as duas decisões antes
da viagem para a Malásia, onde se encontrará com o presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, no domingo. As duas mudanças estão em sintonia com uma
série de ações do governo para alavancar sua aprovação e, com isso, aumentar a
expectativa de reeleição de Lula.
A missão de Boulos seria aproximar o governo
de forma mais orgânica aos movimentos sociais, principalmente de jovens,
turbinando a proposta do fim da jornada de trabalho de 6×1, projeto da deputada
Érika Hilton (PSol-SP). O governo vai ampliar políticas públicas voltadas para
a população com renda familiar até R$ 9 mil, como o novo programa de
financiamento de reformas e melhorias de habitações populares. A indicação de
Messias, que é evangélico, pode também aproximar o governo das lideranças
pentecostais, que hoje têm o ministro André Mendonça, indicado pelo
ex-presidente Jair Bolsonaro, como único interlocutor no Supremo.
Principal estrategista eleitoral do governo, Sidônio Palmeira, ministro da Secretaria de Comunicação Social do Planalto, virou a chave do marketing oficial. O binômio União e Reconstrução foi substituído pelo novo slogan: “Governo do Brasil. Do lado do povo brasileiro”. A nova estratégia de marketing da gestão Lula aposta na comunicação digital, com aumento da verba para redes sociais e influenciadores, além da mensagem focada em soberania, justiça tributária e programas sociais. Ou seja, o governo mira as eleições de 2026.
A comunicação busca ser mais acessível e
voltada para o entretenimento, usando a linguagem dos vídeos virais na
internet. Há um direcionamento de cerca de 30% da verba publicitária para
plataformas digitais, um aumento em relação aos 20% do ano anterior. O governo
parte para a comunicação direta e polarizadora, com a mensagem de que combater
privilégios é que abre espaço para o progresso social.
É aí que entram os temas da soberania
nacional, que ganhou inédita relevância com o tarifaço de 50% sobre os produtos
brasileiros, e da justiça tributária, incluindo a cobrança de impostos de
grandes empresas e o combate a privilégios. Velhos programas como o Bolsa Família,
o Pé-de-Meia e o Farmácia Popular, que beneficiam mais de 3,5 milhões de
famílias, estão sendo rebobinados.
Bandeira da ordem
O foco na classe média foi ampliado com o
lançamento do novo programa de reformas de moradias. E a segurança pública é
vista como prioridade do governo, com objetivo de resgatar a bandeira da ordem,
sobretudo nas cidades, onde a territorialização do crime organizado e a
escalada de roubo de celulares, sobretudo no Rio de Janeiro e São Paulo, saíram
do controle. Virou uma patologia social.
O Programa Reforma Casa Brasil, lançado nesta
segunda-feira por Lula, é uma nova política habitacional, desenvolvida pelos
ministérios das Cidades e da Fazenda, em parceria com a Caixa, com um duplo
objetivo: melhorar a qualidade de vida das famílias com renda até R$ 9 mil, da
porta para dentro, e movimentar a economia local, com geração de emprego e
renda na cadeia da construção, dando forma à autoconstrução.
São famílias que já têm imóvel, mas enfrentam
problemas estruturais ou de adequação, como telhados danificados, pisos
comprometidos, instalações elétricas e hidráulicas precárias, falta de
acessibilidade ou necessidade de ampliação. O programa terá R$ 30 bilhões do
Fundo Social. A Caixa também vai separar R$ 10 bilhões do Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo (SBPE) para rendas superiores a esse limite — totalizando
R$ 40 bilhões em crédito.
O governo também faz um tour de force no
Congresso para aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da
Segurança Pública, que visa reformular o sistema de segurança pública no país e
criar um modelo semelhante ao do Sistema Único de Saúde (SUS). O conceito de um
sistema único de segurança já existe desde 2018, com a Lei nº 13.675,
protagonizada pelo ex-ministro Raul Jungmann. A PEC apenas eleva esse modelo ao
texto constitucional.
A proposta é fruto de um amplo diálogo com
governadores, secretários de segurança pública, especialistas e a sociedade
civil e busca consolidar um modelo estruturado, coordenado e com financiamento
garantido. A PEC da Segurança Pública surge como uma solução para mitigar os
efeitos da violência em todo o país. Com a aprovação do texto, o Sistema Único
de Segurança Pública (Susp) ganha status constitucional e servirá de base para
a integração das forças de segurança em nível federal, estadual e municipal.
Os Fundos Nacional de Segurança Pública
(FNSP) e Penitenciário Nacional (Funpen) garantirão que os recursos sejam
divididos de forma justa entre todas as unidades federativas e os municípios do
Brasil, além de manter um repasse contínuo e estável. Outra medida proposta é a
criação do Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, que garante
a participação da sociedade civil nas tomadas de decisão.
O governo também faz um tour de force no
Congresso para aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da
Segurança Pública, que visa reformular o sistema de segurança pública no país e
criar um modelo semelhante ao do Sistema Único de Saúde (SUS). O conceito de um
sistema único de segurança já existe desde 2018, com a Lei nº 13.675, protagonizada
pelo ex-ministro Raul Jungmann. A PEC apenas eleva esse modelo ao texto
constitucional.
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