DEU EM O GLOBO
Depois das críticas ao "subperonismo" petista, tucano evita polêmica
Adauri Antunes Barbosa
SÃO PAULO. Depois de fazer pesadas críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao seu governo, falando inclusive em "subperonismo", o ex-presidente Fernando Henrique (PSDB) ontem evitou polêmica e ainda admitiu que a popularidade do petista poderá transferir votos para a candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência.
- Um dos candidatos da oposição tem por volta de 40%. A candidata do governo tem por volta de 15%, 16%. Já teve mais e caiu. O presidente Lula tem 65%, 70%. (Dizem que) O presidente não transfere (votos). Como não transfere? Já transferiu 15%. Ela não tinha nada, zero. Ele transferiu e pode transferir mais - afirmou, durante o seminário "O Brasil pós-crise: uma agenda para a próxima década, promovido ontem pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC).
Para ele, a campanha de 2010 deve levar o eleitor ao futuro e não ao passado. A oposição, aconselhou, deve criar horizonte e "não discutir número".
- Na política você tem que criar um horizonte e despertar confiança, não é discutir número. Isso depende do personagem. Depende do desempenho. Mesmo com os dados que dei, que são verdadeiros, isso não assegura a vitória porque vai depender do desempenho. Mas o contrário também é verdadeiro. Você ter o apoio de alguém que tem muito voto não assegura a vitória. Depende do desempenho e da capacidade de haver, não é transferência de voto, é identidade de percepção da pessoa. Este é igual àquele. Aí você pode ter. E é raro ter transferência - disse o tucano.
Paulo Bernardo falta e também é elogiado
Ele não quis comentar as repercussões do artigo publicado no GLOBO de domingo com críticas ao governo Lula, mas durante sua participação no seminário disse que se expõe "além do limite" da prudência:
- As instituições se fortaleceram (no meu governo). Escrevi este artigo aí. Aliás, não é a primeira vez. É que pus tudo junto porque sinto que há um risco de desfazer o que achei que já estivesse consolidado. É preciso ficar atento a esse risco. A política vem sempre em primeiro lugar. Se desfizer mais adiante, o preço será pago por toda a sociedade. Mas é tarde. E a economia não vai se ajustar da maneira que se queria.
Comentando a ausência no seminário do ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, que havia confirmado mas na última hora cancelou sua presença no seminário, Fernando Henrique lembrou que conheceu o ministro de Lula quando ele era secretário do governador Zeca do PT, em Mato Grosso do Sul:
- Disse para ele, depois de conversarmos, que se eu o tivesse conhecido antes poria ele no lugar do (Pedro) Malan no Banco Central.
No seminário com foco na economia do país, houve certa unanimidade em torno de um crescimento entre 4% e 5% para os próximos anos.
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