Correntes do partido já disputam a indicação do novo presidente
Maria Lima e Gerson Camarotti
BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula atuam fortemente, mas ainda não conseguiram evitar a disputa pelo cargo do presidente do PT, José Eduardo Dutra. Afastado há um mês por licença médica, Dutra deve reaparecer na sexta-feira, na reunião do Diretório Nacional, para anunciar sua renúncia ou licença de até seis meses para se dedicar a um tratamento de saúde. Único interlocutor de Dutra desde seu afastamento, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), tem o apoio do Planalto, de Lula e da maioria da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) para presidir a legenda. Mas há ao menos três outros potenciais candidatos, e a briga entre correntes, inclusive a do deputado cassado José Dirceu, promete ser acirrada na reunião.
A corrente Mensagem quer lançar o secretário-geral Eloi Pietá. E um grupo minoritário defende a eleição de Marco Aurélio Garcia.
Segundo Costa, no entanto, com renúncia ou licença, o novo presidente não sai nas reuniões de sexta e sábado. Em caso de renúncia, o Diretório escolhe o sucessor. No caso de licença de até 180 dias, o vice-presidente Rui Falcão fica como interino.
O certo é que Falcão, que tem a simpatia do grupo de Dirceu, não será o sucessor definitivo de Dutra. Seu nome é vetado por Dilma e por Lula.
Na noite de anteontem, Lula se reuniu com Dutra no Rio junto com Costa e Luis Dulci. Lula disse ao presidente do PT que, antes de decidir pela renúncia, ele poderia ficar de licença médica de até 180 dias. Segundo Costa, Dutra afirmou que refaria exames e, na sexta, com base exclusivamente no laudo médico, anunciaria sua decisão.
Costa contou que a presidente Dilma está muito sensibilizada pelos problemas médicos enfrentados por seu companheiro de campanha.
Entre uma reunião e outra para administrar a sucessão no PT, Dilma e Lula já gravaram com João Santana as inserções que começam a ser veiculadas sábado, no horário partidário do PT. Eles falaram sobre os investimentos em aeroportos para a Copa e as Olimpíadas, uma resposta indireta ao programa do PSDB, que criticou o possível apagão de infraestrutura.
Delúbio deve voltar oficialmente ao partido
No próximo fim de semana, com o aval de Lula, pode acabar o banimento político do operador do mensalão e ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, com sua reabilitação oficial novamente como membro filiado ao partido. Há cinco anos, no auge do escândalo de corrupção, o PT decidiu excluir Delúbio. Agora, o entendimento da maioria do Diretório Nacional é que ele já cumpriu sua pena, não falou mal do PT e deve agora voltar para disputar uma vaga de vereador por Goiânia em 2012.
Para Humberto Costa, se o pedido de refiliação chegar ao Diretório, passa com tranquilidade. O ex-tesoureiro deve contar com votos de pelo menos 59 dos 84 membros do diretório.
- A volta do Delúbio é uma questão ainda muito mal compreendida pela sociedade, de difícil assimilação. Mas uma coisa é o que pensa a sociedade, outra é como o partido tem que se posicionar em relação a um membro - disse a senadora Marta Suplicy (SP).
- Até os banidos do regime militar voltaram - completou o ex-presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).
- A decisão sobre a volta do Delúbio sempre foi pacífica. Se haverá desgaste do PT por aceitar sua refiliação? A discussão não pode ser por aí. Não haverá constrangimento nenhum de aceitar sua volta. Ele já pagou. Não aceitar sua volta seria comutação de pena - disse o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).
FONTE: O GLOBO
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