ENTREVISTA
Cármen Lúcia Antunes Rocha, ministra do STF e a primeira mulher a presidir o
TSE
Para ministra, julgar processo em época de campanha é viável: ‘Nenhum dos 2
tribunais tem de se condicionar
Mariângela Gallucci
BRASÍLIA - Primeira mulher a presidir o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a
ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha disse que não haverá problemas se o Supremo
Tribunal Federal (STF) julgar o processo do mensalão em agosto, em plena
campanha eleitoral. “Nosso dever é julgar. O resultado do julgamento é do
eleitor”, disse ela, que é ministra do STF e vai participar do julgamento do
mensalão.
● Como presidente do TSE, o que a senhora pretende fazer para combater o
abuso de poder político e econômico em campanhas?
Pretendo dar toda prioridade a processos que se refiram às eleições e que
ainda não foram julgados. Estou trabalhando para a gente instalar o processo
eleitoral eletrônico, para dar maior celeridade, para que processos,
impugnações e questionamentos sejam resolvidos o mais depressa possível. Porque
aí os resultados das eleições serão aqueles que deverão prevalecer. E esses
abusos, se vierem a acontecer, que sejam cortados de imediato.
● Qual o impacto nas eleições com a entrada em vigor, este ano, da Lei da
Ficha Limpa?
É preciso agora que o cidadão saiba que ele é que é o autor da lei e,
portanto, vote limpo. Se votar sem se deixar influenciar por informações
equivocadas, por desconsiderar pessoas que descumpriram exigências da Lei da
Ficha Limpa, ele é que fará real-mente c om que haja a grande mudança. É o
cidadão que faz a eleição ser limpa. Depois da Lei da Ficha Limpa, o voto limpo.
● Como controlar a participação dos atuais ocupantes de cargos públicos
(presidente e ministros) na campanha deste ano?
Vejo os atuais governantes pelo menos declarando que eles vão ser muito
imparciais. Eles sa- bem que a eleição é municipal e que é preciso que se tenha
todo o cuidado. Espero que eles realmente tenham esse cuidado.
● O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, disse que a origem da corrupção
está no financiamento privado de campanhas. A senhora concorda?
Acho que tem desvio, sim, no financiamento, com os chamados financiamentos
privados. Talvez um dos caminhos seja o financiamento ser mais restrito,
especialmente de empresas.
● O ministro Ricardo Lewandowski disse ao Estado que vai começar a julgar o
mensalão em agosto. A senhora acha adequado? O julgamento não poderia
contaminar a eleição, ou vice-versa?
Nenhum dos dois tribunais tem de se condicionar. O que é urgente num tribunal
não pode ser desconsiderado por causa das atividades no outro. Acredito que o
eleitor seja capaz de fazer a crítica, a separação e a união do que ele
precisar. O certo é que o nosso dever é julgar. O resultado do julgamento,
qualquer que seja ele, é do eleitor, é do cidadão.
FONTE: O ESTADO DE S.
PAULO
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