Em público, diz que não interfere em CPI
Gustavo Miranda
BRASÍLIA. Publicamente, a presidente Dilma Rousseff declarou que não vai se intrometer
nos trabalhos da CPI do Cachoeira, mas nos bastidores está se preparando para
enfrentar as investigações no Congresso, especialmente depois que cresceram as
denúncias envolvendo a construtora Delta. Enquanto os líderes governistas no
Congresso se revelam aflitos com a falta de orientação do Planalto para o
trabalho na CPI, Dilma começou a traçar a estratégia de defesa do governo.
No fim da tarde de quarta-feira, Dilma fez uma reunião com ministros e
assessores para discutir contratos da Delta - empreiteira com grande volume de
obras no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - com o governo federal e
articular a linha de defesa na CPI. Ontem, ela defendeu a apuração de todas as
denúncias e disse que o governo respeita o Congresso.
- A CPI é algo afeto ao Congresso. O governo federal terá uma posição
absolutamente de respeito ao Congresso - disse.- Vocês acreditam mesmo que eu
vou me manifestar sobre as questões de um outro poder? Além das minhas
múltiplas atividades, que tenho que lidar todo dia, vou me manifestar na
questão de outro poder? Acho que todas as coisas têm que ser apuradas, mas não
me manifesto sobre a CPI - disse, ao ser questionada sobre a CPI.
Até ontem, Dilma ainda não tinha se posicionado publicamente sobre o
escândalo de Cachoeira. Dilma falou sobre o caso após a cerimônia de graduação
de 108 diplomatas, que passam a integrar o corpo diplomático, no Palácio
Itamaraty.
A portas fechadas, porém, o assunto tem sido tratado no Palácio do Planalto.
Da reunião de quarta-feira, participaram os ministros José Eduardo Cardozo
(Justiça), Paulo Sérgio Passos (Transportes) e Luís Inácio Adams (Advocacia
Geral da União). Dilma quis saber se as demissões na cúpula do Ministérios dos
Transportes e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)
beneficiaram de alguma forma o esquema do bicheiro.
Sem uma orientação clara do Planalto sobre como agir na CPI, líderes aliados
temem que Dilma acabe nas mãos do PMDB novamente.
FONTE: O GLOBO
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