Quatro das cinco
pesquisas divulgadas após fim da campanha indicam socialista à frente de
Sarkozy; partidos radicais ganham força
Andrei Netto
PARIS - Nicolas
Sarkozy corre o risco de ser o primeiro presidente francês em busca da
reeleição a não vencer o primeiro turno. Cinco pesquisas de opinião divulgadas
entre a noite de quinta-feira e ontem, dia do fim da campanha oficial, indicam
que o candidato do Partido Socialista (PS), François Hollande, é o favorito
para vencer o primeiro turno da eleição presidencial francesa, em uma campanha
marcada pela ascensão da esquerda.
O deputado e
ex-secretário-geral do PS vence em quatro dos cinco cenários, enquanto o atual
presidente obtém, na melhor das hipóteses, um empate. As pesquisas foram feitas
pelos institutos LH2, CSA, BVA, Ipsos e TNS-Sofrès. Em todos, Hollande varia
entre 27% e 30%, enquanto Sarkozy, de 25% a 27%. Nas projeções de segundo
turno, o candidato socialista, tem 55% no pior de seus cenários e 57% no
melhor. O chefe de Estado varia entre 43% e 45%.
Todos os institutos
também apontam uma forte disputa entre dois partidos radicais, Frente Nacional
(direita) e Frente de Esquerda, pelo terceiro lugar. A deputada europeia Marine
Le Pen tem de 14% a 17% dos votos, enquanto Jean-Luc Mélenchon obtém entre 13%
e 15%, perdendo em quatro e empatando em um dos cenários.
Completam o quadro
dos grandes partidos o centrista François Bayrou, do Movimento Democrático
(Modem), com 10% das intenções de voto, e a jurista e ambientalista Eva Joly,
da coligação Europe Ecologie-Partido Verde, cuja preferência varia entre 2% e
3% do eleitorado.
Cientistas
políticos ouvidos pelo Estado alertam para um dado surpreendente, que ainda
pode influenciar nos resultados finais do primeiro turno: 38% dos eleitores
ouvidos em uma das sondagens indicaram que ainda podem mudar de voto até
amanhã.
"Nossos
estudos indicam que desde o mês de novembro 50% dos eleitores estão indecisos e
afirmam poder mudar de candidato até o final da campanha", adverte Madani
Cheurfa, cientista político e secretário-geral do Centro de Pesquisa Política
(Cevipof) de Paris.
A campanha oficial
na França chegou ao fim à meia-noite de ontem. A partir de agora, ficam
proibidos comícios ou atos eleitorais, entrevistas para veículos de imprensa
escrita ou eletrônica e publicação de pesquisas de opinião, entre outros vetos.
Amanhã, 43 milhões
eleitores poderão votar, mas outra forte expectativa diz respeito à abstenção,
já que o primeiro turno cairá em meio às férias de primavera na Europa. Há
cinco anos, 16,2% do eleitorado decidiu não votar. Essa escolha é comum em
comunidades desfavorecidas, como na periferia de Paris, em Villiers-le-Bel,
onde aconteceram as últimas rebeliões em massa de jovens, em 2007. "Eu não
quero mais participar dessa paródia de democracia. Votava em branco há muito
tempo, mas não serve para nada", diz o estudante Malik Bouhassoun, de 21
anos. Na França, o voto em branco não é contabilizado. "Por isso escolhi a
abstenção."
Ontem, Hollande e
Sarkozy apelaram justamente aos abstencionistas para que compareçam às urnas.
"Nós não ganhamos nada. Uma vitória eleitoral deve ser merecida,
conquistada, arrancada", disse o socialista. Em Nice, Sarkozy pediu
mobilização de seus partidários. "Reúnam-se, tomem a palavra e imponham
sua vitória", afirmou.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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