Ainda não é possível dizer até quando a centelha de mobilização que risca o país se manterá forte e acesa. O mais importante, contudo, é que um grupo da sociedade descobriu um caminho para impor desconforto aos donos do poder, em todas as suas dimensões.
Isso é o que mais aterroriza o tradicional mundo político, seja ele de centro, direita ou esquerda. Principalmente às vésperas de uma eleição para presidente, governadores, deputados federais e senadores.
A força da mobilização por meio de redes sociais chegou ao Brasil e deixa tontos os grupos que disputam o poder. Até ontem, achavam que o jogo seguia seu curso normal. Só eles em campo. O resto aplaudia ou vaiava das arquibancadas.
Tanto que alguns dias atrás governo e oposição travavam o debate sobre o copo meio cheio, meio vazio na economia. Um acusando o outro de criar uma situação irreal. Não perceberam que outro copo transbordava logo ali ao lado.
Aí, a turma cansou e invadiu o gramado. Pode até sair momentaneamente. Mas aprendeu o caminho virtual que leva ao centro de campo e voltará a ocupá-lo se os donos do poder seguirem divorciados de setores da sociedade. Ainda mais em ano eleitoral, o que mete medo, literalmente, na classe política.
Representante máxima do poder no país, Dilma demorou a reagir, não chegou a empolgar toda a plateia, mas obedeceu duas regras claras do jogo: disse ter ouvido a voz das ruas e condenou as arruaças, que precisam parar. Até em nome da sequência do movimento.
Agora, ela e os demais donos do poder precisam, de fato, agir. Não basta apenas ouvir e discursar. Como político faz tudo pela manutenção do poder, a expectativa é que produzam algo de concreto.
Bom lembrar que o tempo é curto, e as condições de jogo não são nada favoráveis. A turbulência na economia tende a aumentar e pode complicar o andamento da partida.
Fonte: Folha de S. Paulo
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