Países concluem programa de assistência financeira e abrem via para crescimento sustentável
Em meio ao avanço da onda populista e eurocética na UE, convém observar os casos bem-sucedidos de Portugal e Grécia que, na esteira da crise global de 2008, se viram obrigados a recorrer a programas de assistência financeira. O primeiro acertou um pacote de ajuda de € 78 bilhões em maio de 2011; e o segundo passou por três acordos (€ 110 bilhões, em 2010; € 164 bilhões, em 2012; e € 86 bilhões, em 2015). Os credores exigiram em contrapartida a realização de reformas estruturais e a adoção de medidas de ajuste financeiro e fiscal, para sanear as contas. Na última segunda-feira, a Grécia concluiu formalmente sua participação no programa; enquanto Portugal ajustou suas contas mais rapidamente e, em 2015, começou a ressarcir os credores. A ajuda se deu em circunstâncias sem precedentes, devido não só ao volume de financiamento, mas também pelo quadro recessivo pelo qual passava a UE. Formou-se então a chamada “troika” —Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia.
Os dois países, ambos com cerca de 11 milhões de habitantes e membros da zona do euro, pagaram o preço de gastar além de sua capacidade, perdendo o acesso a crédito nos mercados internacionais. No caso grego, primeiro país do bloco a requerer assistência, o governo socialista recém eleito encontrou um rombo bem maior do que o anunciado pela gestão anterior. O déficit foi corrigido então de 7% para 12% em relação ao PIB, aniquilando a confiança dos investidores nos títulos do país.
Por seu lado, Portugal, antes de solicitar ajuda, já sofria pressões do mercado sobre sua dívida soberana, e os temores ganharam solidez, após uma série de rebaixamentos efetuados pelas agências de classificação de risco. As razões da desconfiança estavam na baixa competitividade; alto custo do trabalho; regras trabalhistas rígidas; e os déficits externos e fiscal. A situação era inédita, e as projeções dos economistas quanto à recuperação dos dois países se mostraram exageradamente otimistas, resultando em efeitos colaterais, como alto desemprego. Ocaso grego foi ainda mais grave, levando a especulações de um “Grexit” (saída do país da UE). Além disso, enquanto o governo grego e sua população rejeitaram medidas de austeridade, em Portugal, a adesão ao programa foi menos traumática, levando a um ciclo mais rápido de recuperação. Com as finanças saneadas, Portugal e Grécia podem, enfim, voltar à normalidade. Nesse sentido, são bons exemplos do alto preço social que a irresponsabilidade fiscal gera e do caminho ideal para um crescimento sustentável.
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