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Ex-ministro do STF alega razões pessoais e recusa disputar o Planalto; sem ele, PSB analisará cenários
-O Estado de S. Paulo
Pouco mais de um mês após se filiar ao PSB, Joaquim Barbosa anunciou ontem que não se candidatará ao Palácio do Planalto. “Está decidido. Após várias semanas de muita reflexão, finalmente cheguei a uma conclusão. Não pretendo ser candidato a presidente da República. Decisão estritamente pessoal”, escreveu ontem o ex-ministro em seu perfil no Twitter. A decisão surpreendeu líderes e dirigentes do partido e deixou a eleição presidencial sem um précandidato com o perfil de “outsider” (nome de fora da política).
Antes do ex-ministro do STF, o empresário e apresentador de TV Luciano Huck cogitou se candidatar, mas também desistiu. Barbosa agitou o quadro eleitoral nacional nas últimas semanas ao somar até 10% das intenções de voto em pesquisa recente. O anúncio de ontem abriu um racha no PSB sobre o futuro eleitoral da legenda e levou outros partidos a iniciar uma ofensiva em busca do apoio dos pessebistas na disputa de outubro.
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa informou ontem que decidiu não se candidatar ao Palácio do Planalto. Pouco mais de um mês após se filiar ao PSB, Barbosa surpreendeu líderes e dirigentes do partido com a decisão, classificada por ele como “estritamente pessoal”. O anúncio do ex-ministro deixa a eleição presidencial sem um pré-candidato com o carimbo de “outsider”.
O primeiro nome de fora da política a cogitar participar da disputa foi o empresário e apresentador de TV Luciano Huck – que, depois de idas e vindas, colocou um ponto final nas especulações sobre sua eventual candidatura ainda em fevereiro.
Barbosa avaliava uma possível candidatura à Presidência desde meados do ano passado. As conversas com o PSB evoluíram e ele se filiou no prazo final previsto pela legislação eleitoral (início de abril).
Porém, descrente e crítico do sistema político-partidário nacional, o ex-ministro manifestava receio de se lançar numa disputa eleitoral. Além disso, alegava um dilema pessoal: trocar a tranquilidade da função de advogado especializado na elaboração de pareceres jurídicos – que lhe garantem alto rendimento financeiro – e o impacto que a opção pela disputa eleitoral teria na vida de familiares.
“Está decidido. Após várias semanas de muita reflexão, finalmente cheguei a uma conclusão. Não pretendo ser candidato a presidente da República. Decisão estritamente pessoal”, escreveu o ex-ministro ontem em seu perfil no Twitter.
“Não acredito que esta eleição mude o país. O Brasil tem problemas estruturais gravíssimos, sociológicos, históricos, culturais, econômicos”, disse ele ao jornal Valor Econômico após da desistência. O ex-ministro afirmou temer que a escolha do novo presidente resulte no aprofundamento das desigualdades sociais. Na entrevista, disse ainda que nunca lhe atraiu “tudo aquilo que leva os políticos a conquistar o poder”.
Barbosa agitou o quadro eleitoral nacional nas últimas semanas ao somar até 10% de intenções de voto na pesquisa Datafolha. O potencial competitivo de sua eventual candidatura fez aumentar o assédio e a curiosidade sobre o pensamento do ex-ministro, que foi o relator do mensalão e deixou o Supremo em 2014.
Antes de anunciar a desistência no Twitter, Barbosa enviou mensagens aos aliados mais próximos. A reação foi de surpresa. Um correligionário afirmou que o ex-ministro não será candidato a nenhum outro cargo eletivo. A decisão abriu um racha no PSB sobre o futuro eleitoral da legenda e levou outros partidos a iniciarem ofensiva em busca do apoio dos pessebistas na disputa de outubro.
“Ele nunca havia dito que seria candidato. Isso não é para qualquer um. É muita pressão, muda totalmente a sua vida e da sua família”, disse ao Estado o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), que trabalha para que o partido apoie a candidatura de seu antecessor no Palácio dos Bandeirantes, Geraldo Alckmin (PSDB).
“A exposição é muito dura e assusta quem é de fora da política. Foi o que aconteceu com o Luciano Huck. Ele e o Barbosa tinham vontade de participar, de influenciar o debate, mas não aceitaram partir para o enfrentamento. Na vida pública, o grau de críticas é avassalador. Precisa ter estômago de aço para aguentar”, afirmou França.
Potencial. Para a diretora executiva do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, “não dá pra saber, a priori, o potencial de votos que de fato Barbosa teria ou os beneficiados (com a sua saída da disputa presidencial)”. “Até porque ele nunca foi testado e ainda era relativamente desconhecido”, disse Márcia em entrevista ao Estadão/Broadcast.
Segundo ela, se Barbosa se mantivesse na corrida eleitoral, provavelmente retiraria mais intenção de votos de Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB), nesta ordem. O que significaria, em teoria, que esses candidatos estariam entre os mais beneficiados com a desistência do pessebista. “O voto está muito pulverizado ainda”, disse a diretora do Ibope.
Em congresso partidário realizado em março deste ano, o PSB decidiu que havia três possibilidades para 2018: a candidatura própria; não apoiar oficialmente um candidato e liberar os Estados para apoios regionais; ou apoiar um candidato que se oponha à agenda de reformas e de privatizações proposta pelo governo do presidente Michel Temer.
‘Convencional’. Entre analistas da cena política nacional, a avaliação mais comum é de que a saída de Barbosa favorece uma disputa “convencional”, com nomes e legendas que já estiveram ou ainda estão no poder. “Sobrou pouco espaço para surpresas na corrida presidencial. Como a janela de filiação partidária está fechada, é difícil imaginar que apareça alguém completamente novo”, disse o cientista político Cláudio Couto, da FGV. “Estamos voltando para uma eleição mais convencional”, afirmou.
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