O Globo
Joaquim Barbosa era o último outsider que parecia ter chance de vencer a eleição.
Joaquim Barbosa usou 173 caracteres para informar que não será candidato a presidente da República. O tuíte pôs fim a meses de conversas com políticos, economistas, marqueteiros e eleitores que o abordavam nas ruas.
O assédio cresceu nas últimas semanas. Com a desistência do apresentador Luciano Huck, o ex-ministro do Supremo se tornou o último outsider que parecia ter chance de vencer a eleição.
As pesquisas indicavam que essa possibilidade era real. Sem dar uma única declaração como presidenciável, Barbosa alcançou 10% das intenções de voto. A expectativa geral era de que ele decolaria ao se apresentar como candidato.
O ex-ministro chegou a dar o primeiro passo em abril, ao aceitar o convite para se filiar ao PSB. O partido já recrutava assessores para organizar a campanha.
E por que Barbosa pulou fora? Porque nunca havia se convencido a entrar, como repetiu a todos que o procuravam. Ele media os custos pessoais de uma aventura eleitoral. Temia perder dinheiro e tranquilidade, não necessariamente nesta ordem.
Longe da arena pública há quatro anos, o ex-ministro montou escritórios de advocacia no Rio, em São Paulo e em Brasília. Além disso, passou a fazer palestras remuneradas para empresários e investidores. Para mergulhar na política, precisaria abrir mão dessas fontes de renda e reduzir a ajuda financeira à família.
Barbosa também temia o jogo pesado de uma campanha. Acostumado a elogios, ele sabia que seria bombardeado pelos adversários ao se lançar na disputa. Lembrava o exemplo de Marina Silva, trucidada pelo marketing petista em 2014.
É cedo para dizer quem ganha mais com a desistência. À primeira vista, Marina e Ciro Gomes se livram de um concorrente no campo da centro-esquerda. Mas Barbosa também seduzia o eleitorado conservador. Ameaçava tirar votos de Jair Bolsonaro e bloquear de vez o crescimento de Geraldo Alckmin.
O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, diz que a saída do outsider só eleva o grau de incerteza da eleição. “Barbosa tinha um grande potencial de crescimento, e podia atrair quem está fatigado do Fla-Flu político. Agora este eleitor continuará em busca de alguém que o represente”, prevê.
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