Ex-presidente do STF vê três riscos no horizonte: Bolsonaro, Temer e espaço para golpe militar
Lauro Jardim | O Globo
- Meu coração já vinha me dizendo: não mexe com isso, não.
Assim, Joaquim Barbosa resume a decisão tornada pública ontem de não disputar a
Presidência da República.
Em tom de voz tranquilo, depois de ter explodido a bomba política do dia, Barbosa diz que já vinha amadurecendo a decisão nas últimas semanas.
Apesar de ter se reunido na semana passada com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, Barbosa se esquivou de encontros com economistas, líderes de movimentos sociais e parte da bancada federal do partido.
Afirma que assim o fez exatamente para não dar esperanças, pois ainda não tinha certeza se que queria mesmo ser candidato:
— Evitei o quanto pude essas conversas.
Barbosa pretendia inicialmente esperar até julho para uma definição. Chegou a avisar isso ao partido. Só que, em sua avaliação, as coisas se precipitaram:
— Fiquei receoso que as próximas pesquisas mostrassem que eu estava subindo. Desistir mais tarde seria complicado em todos os sentidos. Acho que tomei a decisão no momento certo.
Na última pesquisa Datafolha, em abril, Barbosa chegou a aparecer com 10% das intenções de voto.
Ontem pela manhã, antes de disparar o tuíte em que avisou que não seria candidato, Joaquim Barbosa ligou para Siqueira e para alguns deputados do PSB, como Alessandro Molon (RJ) e o líder do partido, Julio Delgado (MG). E qual foi a reação deles? — Ficaram muito surpresos. Barbosa não vai entrar na corrida eleitoral, mas está preocupado com o futuro do Brasil. Vê três riscos no horizonte:
— Primeiro, o (Jair) Bolsonaro.
O ex-presidente do STF acha possível que o deputado federal se eleja. E o segundo risco? — Depois, o próprio Temer.
Temo que ele, maquiavélico, possa articular algo para continuar no poder, ou mesmo uma aliança que o eleja.
E, finalmente, o terceiro perigo, na sua opinião:
— Temo também que haja espaço para um golpe militar.
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